Quinze membros de uma família, entre eles um vereador da cidade de Piripiri, foram presos durante a operação Biditos da Polícia Federal, que desmanchou um vasto esquema de fraude a benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Pelo menos 320 contas fraudulentas foram identificadas pelos investigadores da Polícia Federal.
Foram presos ainda um empresário, um servidor da prefeitura de Piripiri e uma servidora do INSS de Parnaíba. As prisões aconteceram em cidades do Piauí, Maranhão e Ceará. De acordo com a Polícia Federal, o prejuízo causado pelo grupo criminoso identificado até o momento é de R$ 27 milhões, cerca de R$ 365 mil por mês.
“Esse número de 320 cartões é subestimado. Com a análise da documentação apreendida vamos identificar novos benefícios e pediremos à Justiça a imediata suspensão, para estancar essa sangria aos cofres do INSS”, comentou o delegado Lucimar Sobral Neto, coordenador da investigação.
Família
De acordo com o delegado Lucimar Neto, o grupo familiar que fazia parte do esquema era composto pelo patriarca, cinco filhos, suas esposas e diversos sobrinhos e parentes. “Não há um líder específico. Cada um tinha seus cartões fraudados, alguns tinham 15, outros tinham 20, ou 30”, disse.
Com os membros do grupo foram apreendidas nove armas de fogo e munições. “Alguns deles já respondem por outros crimes em outros estados, como crimes de homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma”, disse o delegado Lucimar.
De acordo com Marcelo Alexandrino, delegado regional de combate ao crime organizado, os benefícios fraudados foram suspensos pela Justiça Federal e as contas bancárias dos presos foram bloqueadas na tentativa de reaver parte do prejuízo causado pela quadrilha. Pelo menos seis carros foram apreendidos durante a operação.
Segundo o delegado Marcelo, os presos irão responder pelos crimes de estelionato previdenciário e formação de quadrilha, que dependendo da análise dos depoimentos e das provas coletadas na operação de hoje, pode ser configurado em organização criminosa.
Fraude ao INSS
Segundo a Polícia Federal, o esquema permitia que a quadrilha recebesse benefícios do INSS que eram destinados a pessoas que existiam apenas “no papel”. Por meio de um servidor da Prefeitura de Piripiri, que trabalhava com o Instituto de Identificação, a quadrilha fabricava o RG e certidões de nascimento das pessoas “inventadas”. “Se você consultar os RGs, vai estar ‘quentinho’, registrado com número correto, só que aquela pessoa não existe”, disse o delegado Lucimar.
Com a documentação falsa, os membros da quadrilha davam entrada em benefícios assistenciais a idosos, que correspondem a um salário mínimo por mês. Os pedidos eram aprovados por uma servidora do INSS da cidade de Parnaíba, que está entre os presos. Entre os 320 cartões fraudados identificados até agora, há contas que recebem benefícios há até dez anos. Os benefícios foram consedidos de dez agências do INSS diferentes.
Roubo à Polícia Civil de Piripiri
A investigação começou em outubro de 2017 pela Polícia Civil de Piripiri após uma denúncia de que pessoas estariam sacando benefícios com documentos falsos em uma agência bancária da cidade. Uma mulher foi presa em flagrante portando vários cartões de benefícios e um celular.
“Esse grupo estava com medo de fizessem uma perícia no celular dela e encontrassem outras fraudes deles, e esse empresário, através de um contato dentro da Polícia Civil conseguiu trocar esse celular apreendido por outro e retirar os cartões. A Polícia Civil talvez nem saiba disso”, comentou o delegado Lucimar.
Segundo ele, o servidor da Polícia Civil de Piripiri está sendo identificado e pode ser preso posteriormente. O empresário e a mulher presa em outubro de 2017 foram presos hoje.
Fonte: G1