Uma segunda paciente morreu na tarde desta quinta-feira (14) na maior maternidade pública do Piauí, Dona Evangelina Rosa, em Teresina, sob suspeita de infecção hospitalar. Segundo a promotora Karla Carvalho, da comissão de fiscalização do Ministério Público, outras duas mulheres seguem internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e cinco na enfermaria com mesmo quadro. Comitê de Óbitos vai analisar todos os casos de mortes ocorridos na instituição.
“Mais uma mulher morreu por infecção após ser submetida a cesariana na maternidade. Uma terceira paciente da UTI sofreu parada cardiorrespiratória, mas foi reanimada e encontra-se em estado grave, com corre risco de vida. Infelizmente essa fatalidade é o desenrolar de uma tragédia já anunciada”, comentou a promotora.
Conforme a promotora, a morte materna precisa ser investigada e o próprio Ministério da Saúde solicita um relatório para a maternidade sobre o caso. Ela requisitou a Vigilância Estadual uma inspeção no centro cirúrgico e UTIs e encaminhou um ofício ao órgão para apurar as causas de infecção no local.
“Tem que saber se os cuidados de insumos e higienização foram realmente tomados. As pacientes adquiriram infecção após o procedimento cirúrgico no local e não antes. Isto é um problema hospitalar e tudo isso tinha sido alertado. Vamos acompanhar a posição dos órgãos e espero que agora sejam tomados os cuidados com os pacientes”, destacou a promotora, que acompanha a situação na maternidade desde maio de 2016.
A Maternidade Dona Evangelina Rosa informou que possui um Comitê de Óbitos que se reúne para analisar todos os casos de mortes ocorridos na instituição. Somente após essa análise é que as informações das causas podem ser informadas.
Karla Carvalho contou ter recebido uma denúncia na terça-feira (12) sobre a falta de limpeza para eliminar bactérias em setores da maternidade e diante da informação fez uma vistoria no local, junto com o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e Conselho Regional de Medicina (CRM). No dia seguinte, a primeira paciente morreu com suspeita de infecção hospitalar.
“Comprovamos que alguns setores não tinham papel toalha, o que é inaceitável a falta do produto. O sabonete líquido existente era diluído, o que pode comprometer a higienização do profissional. Faltavam insumos para passar nas pacientes na cesárea e o centro obstétrico sem piso, tornando o ambiente propício para infecção”, comentou.
Problemas pontuais
Em entrevista ao Piauí TV 1ª Edição, o diretor da Maternidade Evangelina Rosa, Francisco Macêdo, disse os problemas apontados pela comissão do Coren, CRM e MP são pontuais. Quanto à mortes de pacientes na maternidade, o diretor argumentou que alguns pacientes chegam à maternidade em estado grave.
“Pacientes vêm de outros hospitais, do interior, quando complicam, quando já estão em sepse [infecção generalizada], mandam para a maternidade e nós continuamos o tratamento. Muitas vezes o paciente já chega numa situação que só um milagre”, disse o diretor.
Fonte: G1