O prédio onde ficava a sede da 3ª Delegacia Regional de Polícia Civil em Picos, Sul do Piauí, se tornou um ‘cemitério’ de veículos apreendidos em atividades policiais. Os automóveis permaneceram no local após a desativação em 2015 e não há previsão para retirada. A situação fez com que o Ministério Público do Estado ingressasse com uma ação para remoção dos veículos.
“Esses veículos podem ocasionar furtos e também são foco de dengue. A preocupação vem desde 2015. Houve várias tratativas administrativas no intuito de localizar um local específico que abrigasse esses veículos, todavia, essas tratativas foram infrutíferas e por isso foi necessário ajuizar essa ação civil pública”, explicou a promotora de justiça Romana Leite Vieira.
Na parte externa do prédio, carros chegam a invadir a faixa da avenida. No terreno em que a antiga sede está localizada, centenas de motocicletas ocupam o espaço, cobertas por poeira e vegetação. Sem fiscalização e segurança, peças dos veículos, como pneus, retrovisores e baterias estão sendo roubadas.
O local contava com a proteção de um agente da Polícia Civil até março deste ano, mas o serviço foi suspenso. “Houve um princípio de incêndio com um policial aqui dentro. Por sorte ele conseguiu sair. Esse policial ficava aqui sozinho sem iluminação, no meio do matagal, nem água tinha”, informou Joel Joaquim dos Santos, diretor regional do Sindicato dos Policiais Civis do Piauí (Sinpolpi).
O problema não acontece apenas no antigo prédio. Na nova sede da delegacia na cidade, veículos apreendidos começam a acumular. Na recepção do local é possível encontrar dezenas de motocicletas apreendidas em atividades policiais recentes. Na parte externa, motocicletas apreendidas há mais tempo são empilhadas e chegam à altura do muro.
Sem uma solução imediata, a situação se agrava cada vez mais, já que Picos tem um dos principais entroncamentos do Nordeste, o que resulta na apreensão de muitos veículos de vários estados do país.
Por mês, cerca de 25 veículos são apreendidos pela delegacia de Picos, chegando a uma média de 300 por ano. Segundo o delegado regional, Jônatas Brasil, o estado não tem um sistema para fazer o controle do que é apreendido e do que é liberado, dificultando o monitoramento dos veículos.
Para tentar resolver o problema, a Secretaria de Segurança determinou a remoção dos veículos do prédio antigo e da nova delegacia até outubro deste ano. No entanto, o delegado Jônatas Brasil afirmou que não conta com a estrutura necessária para atender ao prazo determinado.
“Não temos efetivo o suficiente, como estamos hoje acho impossível cumprir essa determinação nesse prazo. Teríamos que parar toda a delegacia, todos os serviços e tirar os policiais da investigação para fazer essa catalogação dos veículos”, explicou o delegado.
Responsabilidade
De acordo com a promotora Romana Leite Vieira, a responsabilidade sobre os veículos também é da Justiça. “Durante o inquérito policial a responsabilidade é da Polícia Civil. A partir do momento, que há a apresentação da denúncia aquele veículo é formalmente entregue ao poder judiciário e a responsabilidade é deles”, disse.
O diretor do Fórum de Picos, Leonardo Trigueiro, explicou que os veículos ainda não estão sob a responsabilidade da Justiça, porque o Tribunal de Justiça do Piauí ainda não tem um imóvel para receber os automóveis.
“O TJ-PI está selecionando um lugar apropriado para receber esses bens, um local adequado e seguro para que esses bens fiquem sob a custódia da Justiça com toda a segurança necessária”, declarou Leonardo Trigueiro.
Fonte: G1 Piauí