Piauí teve 90 casos de feminicídio nos últimos três anos

Quem passa em frente à Igreja de São Benedito pode não entender os sapatos vermelhos no chão da escadaria. O ato intitulado como “Mulheres presentes” representa, de forma impactante, a morte de milhares de mulheres mortas vítimas de feminicídio. No Piauí, de março de 2015 a maio de 2018, foram registrados 90 casos por todo o estado. Os dados são do Núcleo Central de Estatística e Análise Criminal da Secretaria de Segurança do estado, atualizado no último dia 24 de maio.

Segundo a delegada Eugênia Vila, diretora de Gestão Interna da Secretaria de Segurança do Piauí, a ação faz parte de uma campanha mundial que visa unir esforços do poder público e da sociedade civil no combate à violência e a assassinatos com motivação de gênero. “É um ato que se repete em vários países como México e países da Europa, e aqui no Piauí nós estamos realizando essa ação com os sapatos vermelhos. A maioria dos casos que tem maior visibilidade ocorre na capital, mas tem muitos casos no interior também. E é por isso que levaremos esta ação por todo o estado”, declarou a delegada.

O assassinato de mulheres em contextos marcados pela desigualdade de gênero recebeu uma designação própria: feminicídio. O Piauí tem sido um dos pioneiros em políticas públicas no combate ao crime de gênero. Na capital, o Núcleo de Estudo e Pesquisa em Violência de Gênero do Piauí é uma frente de ação da Polícia Civil voltada para a análise dos crimes que envolvem violência de gênero e o desenvolvimento de medidas eficazes para lidar com os casos.

A delegada alerta ainda para a necessidade de esclarecer mulheres e meninas de que mulheres estão sendo mortas, simplesmente por serem mulheres. A delegada afirma ainda que na maior parte dos casos no Piauí, os feminicidas têm relação interpessoal e de confiança com a vítima.

“E isso é o que nos deixa mais preocupados, porque em uma relação de confiança jamais imaginaremos que aquela pessoa vai te matar. Mesmo tendo sofrido agressões, essas mulheres não acreditam que isso possa acontecer. Os sapatos vermelhos representam que nós perdemos noventa mulheres por conta de uma cultura machista. São números que nos deixam preocupadas e o que nós queremos é que isso tenha visibilidade, que as meninas e mulheres acreditem e que elas possam se proteger, evitando relacionamentos abusivos”, comenta.

Aplicativo Salve Maria 

Desenvolvido pelo Governo do Estado, o aplicativo Salve Maria pode salvar vidas. A finalidade do aplicativo é fazer com que a “polícia esteja mais próxima da população” e para “chegar o mais rápido possível no local onde a vítima está”, trazendo a possibilidade de as pessoas acionarem o Botão do Pânico. Quando acionado pelo denunciante emite um ponto de localização da ocorrência para a viatura mais próxima, fazendo que os policiais cheguem o mais rápido possível até a vítima. Tanto a vítima que estiver em perigo iminente, quanto outra que estiver testemunhando uma ameaça ou agressão, como um vizinho ou um parente, pode baixar o app e ativar o botão.

Fonte: Meio Norte