Piauí tem maior taxa de casos de feminicídios em 2024 entre 9 estados

Dados divulgados pela Rede Observatórios da Segurança, que realiza o levantamento de nove estados do Brasil, apontou que o Piauí possui a maior taxa, por 100 mil habitantes, de casos de feminicídios. Ao todo, foram 36 casos de feminicídios em 2024, relatados no boletim “Elas Vivem: um caminho de luta”, divulgado nesta quinta-feira (13).

Nesta edição, os números apontam que ao menos 13 mulheres foram vítimas de violência a cada 24h, e a cada 17h ao menos uma mulher foi vítima de feminicídio. Foram 4.181 eventos de violência, sendo 531 feminicídios. O levantamento é feito em nove estados monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança: Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e São Paulo.

Segundo o levantamento, em todo Piauí, foram registrados 238 casos de violência contra a mulher no ano passado. Esse número representa um aumento de 17,8% dos casos em comparação a 2023, que apontou 202 casos. Dos 238 casos, a maioria deles foram de violência sexual ou estupro contra mulheres.

Ranking dos estados monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança, ordenados pela maior taxa de feminicídios por 100 mil habitantes:

A Rede Observatórios da Segurança é uma organização que monitora e difunde informações sobre segurança pública, violência e direitos humanos de nove estados do Brasil, e divulgados dentro do relatório Elas Vivem.

Dos dados apresentados, Teresina, capital do estado, concentra 42,6% dos eventos violentos contra mulheres. Segundo o relatório, o Piauí também apresentou falta de transparência em relação a motivação dos crimes. Outro ponto apresentado em relação a falta de transparência, avaliada pela Rede, é de que 97,2% dos crimes está sem os marcadores social e étnico racial.

Na maioria dos casos, o agressor era cônjuge ou ex-cônjuge da vítima. A pesquisadora D’alva Macedo, professora do programa de políticas públicas da UFPI e membro pesquisadora da Nupec, ligada a Rede, afirma que os dados mostram uma necessidade maior de levar as discussões sobre a violência contra a mulher a público.

“Acho que o que mais chama atenção no caso do Piauí, a gente vê que no modo geral os índices estão altos, mas o Piauí teve um crescimento e 17,8% nos crimes. Teresina foi onde teve o maior número de casos, em segundo vem Parnaíba, os outros municípios tem números menores. Isso chama atenção para nós. Eles colocam em cheque as políticas que têm sido criadas em relação as políticas contra violência. Independente da quantidade, são mulheres, é uma vida. Isso mostra que não estamos tendo segurança. É preciso colocar uma questão mais pontual em relação à violência contra mulher”, explica.

Após a divulgação dos dados, a ideia é fazer contato com escolas e comunidades para discutir o boletim. Além de uma necessidade maior de monitoramento do Estado também é vista a necessidade de envolvimento da sociedade civil. 

“Precisa de um monitoramento e eficácia das ações. Existem muitas situações. Como pode se avaliar entre a mulher que registrou o B.O. e que tem uma medida protetiva e ainda foi vítima do feminicídios. O que está acontecendo? Onde falhou? É uma questão desafiante para todos os seguimentos”, finaliza.

Qualificadoras de violência contra a mulher – Rede de Observatórios da Segurança

  • Tentativa de feminicídios/agressão física: 57 casos
  • Violência sexual/estupro: 59 casos
  • Homicídio: 26 casos
  • Feminicídio: 36 casos
  • Outros: 15 casos
  • Agressão verbal: 23 casos
  • Tentativa de homicídio: 21 casos
  • Cárcere privado: 8 casos
  • Dano ao patrimônio: 28 casos
  • Sequestro: 11 casos
  • Tortura: 9 casos
  • Transfeminicidio: 2 casos
  • Supressão de documentos: 1 caso

Fonte: Cidade Verde