Integrantes do MST (Movimento dos Sem Terra) invadiram, nesta terça-feira (17), uma fazenda de propriedade do empresário Oscar Maroni em Araçatuba, a cerca de 550 quilômetros da capital paulista. Dentre os motivos alegados para a visão estão a reforma agrária e a “arbitrariedade da prisão” do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Maroni, conhecido como “magnata do sexo” e dono Bahamas Club, distribuiu cerveja grátis a clientes para comemorar a prisão de Lula. No dia 6 de abril, antes de Lula se entregar à Polícia Federal, o empresário se vestiu de presidiário e comandou uma festa em seu clube. Ao UOL, Maroni disse que a invasão desta terça é uma “retaliação à cervejada”.
“Não vou me calar, podem invadir minha fazenda”, comentou. “Digo que quem está preso é um marginal que roubou a nação”, afirmou o empresário, que é pré-candidato a deputado federal pelo PROS. Ele afirmou que seu símbolo de campanha será uma “granada sem pino”.
A polícia já retirou os manifestantes no local. Segundo o empresário, foram levados papéis e ferramentas da fazenda. A defesa de Maroni irá tomar as medidas judiciais cabíveis, disse ao UOL.
Segundo o MST, Maroni “agrediu sexualmente diversas mulheres, expondo o corpo de muitas trabalhadoras do sexo perante centenas de homens em uma festa no dia 6”.
A fazenda, de cerca de 1,7 mil hectares, já esteve envolvida em processos trabalhistas. Atualmente, cerca de 85% do terreno da fazenda foram arrendados pela Raízen, ligada à Shell, para produção de cana de açúcar.
Dono do Bahamas distribui cerveja para festejar prisão
Invasão a TV e bloqueios
Em discurso na noite de segunda-feira (16) em Brasília, o coordenador do MST, João Pedro Stedile, defendeu invasões de terra como forma de pressionar pela liberação de Lula. “Nós vamos ocupar nesta semana terras porque queremos o Lula livre”, disse.
Na avaliação dele, a TV Globo é a grande inimiga dos movimentos de esquerda. “Não pode deixar a Rede Globo em paz: joguem ovos ou joguem o que tiverem. A Globo é a nossa inimiga”, defendeu.
Nesta terça, a sede da TV Bahia em Salvador, afiliada da TV Globo no estado nordestino, foi invadida por membros do MST. O ato era contra a detenção do ex-presidente Lula, que está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba desde o dia 7 de abril.
Em nota, a emissora disse que os manifestantes “forçaram o portão da empresa munidos de facões –conforme relato dos seguranças patrimoniais–, equipamentos de som e bandeiras”. “A Rede Bahia respeita a liberdade de expressão. Defende vigorosamente a liberdade de imprensa e a segurança dos profissionais que trabalham no exercício da comunicação, destacando que o trabalho do jornalista e da imprensa são direitos constitucionais assegurados e que contribuem significativamente para a democracia”, traz a nota. “A hostilidade sofrida hoje representa uma agressão aos meios de comunicação do estado e a todos os profissionais de imprensa”.
Em Candiota, na região sul do Rio Grande do Sul, manifestantes do MST também fecharam a BR-293 em mais uma ação contra a detenção de Lula.
No Paraná, integrantes do MST realizaram protestos em seis praças de pedágio, liberando a cancela dos pedágios. Não houve pontos de bloqueio nas estradas do estado, segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Na segunda-feira (16), integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) invadiram o tríplex do Guarujá (SP) que é centro do processo que levou Lula à prisão. O imóvel, que será leiloado, foi desocupado horas depois pela policia.
Fonte: Uol