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Moradores de comunidades em Simões intensificam manifestações por descumprimento de acordos com empresas eólicas e prefeitura

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Nos últimos dias, as comunidades das Serras do Maracujá, dos Cecílio, dos Rafael e Jatóba, localizadas no município de Simões, têm vivenciado uma onda de manifestações. A insatisfação generalizada dos moradores deve-se ao não cumprimento de acordos estabelecidos entre as comunidades, as empresas responsáveis pelos Parques de Energia Eólica, Ventos de São Zacarias e Elecnor, e a gestão municipal.

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Os moradores destacam que as reivindicações são claras, melhorias urgentes nas estradas que, atualmente, encontram-se em condições precárias e representam sérios riscos à segurança dos usuários. A falta de manutenção adequada tem gerado prejuízos e transtornos diários aos residentes que dependem dessas vias para suas atividades cotidianas.

Além das condições das estradas, os moradores exigem infraestrutura digna para as comunidades, considerando que após a construção dos parques eólicos, diversas residências sofreram danos estruturais, agravando a situação dos moradores.

Ainda conforme os moradores, a comunidade tem se sentido desamparada e desrespeitada, pois as promessas feitas durante audiências públicas não foram cumpridas. Essas audiências, realizadas em 2023 e novamente em maio deste ano, envolvendo as empresas e a Prefeitura, tinham como objetivo ouvir e solucionar os problemas enfrentados, mas pouco ou nada foi feito até o momento.

No último domingo, 19 de maio, e nesta segunda-feira, 20, as estradas das referidas serras tiveram manifestações sociais e pacíficas. Os protestos foram dirigidos contra as empresas Ventos de São Zacarias e Elecnor, bem como contra a gestão municipal de Simões, na tentativa de chamar a atenção das autoridades públicas e privadas para a situação crítica das comunidades.

Os residentes afirmam que, mesmo ao expressarem suas preocupações de maneira socialmente consciente e pacífica, uma das empresas acionou a justiça. Como resultado, alguns receberam intimações, sendo pressionados a encerrar suas reivindicações mesmo sem obter respostas satisfatórias. Essas ações foram acompanhadas de ameaças de multas que chegam a até R$ 10.000,00, intensificando o sentimento de injustiça e desamparo entre a comunidade.

Representantes das comunidades expressaram suas frustrações e necessidades, afirmando que suas vidas foram profundamente impactadas negativamente desde o início dos projetos eólicos.

Maria do Socorro de Brito Nascimento, residente na Serra do Maracujá, relatou a difícil situação em que vive com três crianças, após a instalação do parque eólico. “Olha a situação da minha casa, será se tem como esperar mais tempo, já faz oito meses, imagina viver nessa situação com três crianças.” Disse.

Fabiana Maria Santos Lima, da Serra dos Rafael, mostrou profunda indignação pelo descaso com as reivindicações feitas. “Estamos mais uma vez lutando. A empresa já esteve aqui e prometeu muitas coisas, mas até agora nada foi cumprido. O que está sendo feito é desigual: algumas pessoas recebem benefícios, enquanto outras são deixadas de lado. Não queremos confusão com a empresa, apenas o cumprimento das promessas feitas. Queremos respeito e estamos apenas exigindo nossos direitos. Quando a empresa chegou, prometeu reformar nossas casas e recuperar as estradas, mas até agora não tivemos respostas. O que pedimos é respeito. Antes da chegada da empresa, mesmo vivendo humildemente, tínhamos sossego, e agora nem isso nos resta.” Relatou.

Francisco Antônio da Serra dos Cecílio, expressou sua revolta em ter o laudo negado para reforma da sua casa, apesar de morar pouco metros de uma torre. “Meu pedido de reforma para minha modesta casa foi negado, apesar de morar praticamente sob uma das torres. Meu laudo foi inexplicavelmente anulado, negando-me o direito à melhoria das condições de moradia que tanto necessito.” Comentou.

Maria Silene Silva Tomaz, também aguarda pela visita dos responsáveis para o pedido do laudo. “Já busquei contato e enviei mensagens, eles se comprometeram a realizar uma visita técnica, mas até agora não cumpriram com sua palavra. Por isso, ainda estou sem o laudo necessário para dar continuidade aos trâmites necessários.” Destaca.

Outro Lado

Em nota divulgada, neste sábado (18), a empresa Ventos de São Zacarias divulgou um comunicado acerca dos compromissos e da seriedade da VSZ com a comunicação e com os acordos estabelecidos com o município.

Comunicado

A bem da verdade e em respeito às comunidades, a Ventos de São Zacarias reforça que está focada em cumprir todos os compromissos firmados na audiência pública realizada em outubro de 2023, no município de Simões (PI).

A empresa está comprometida com o Comitê de Trabalho estabelecido na ocasião e no atendimento às demandas dos moradores, com o objetivo de oferecer a melhor solução no menor prazo possível.

A VSZ preza pelo diálogo aberto e transparente com a população e destaca que possui um projeto de longo prazo, de aproximadamente 30 anos, que traz diversos benefícios para o município, como geração de emprego e renda, e incentivo à economia local.

A companhia reitera ainda que conta com todas as licenças exigidas pelos órgãos fiscalizadores e segue rigorosos padrões internacionais na implementação do parque eólico, que demonstra o potencial de Simões em contribuir com a transição energética no Brasil.

Redação
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