A decisão do bloco conhecido como Centrão de apoiar a pré-candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) à Presidência da República nas eleições de 2018 fará disparar o tempo de televisão do candidato. Somando os quinhões a que tem direito os dez partidos que devem participar da coligação, o tucano terá mais da metade das duas horas diárias dedicadas às candidaturas, somando-se os programas eleitorais e as muitas inserções ao longo do dia.
Dos 121 minutos previstos pela divisão estabelecida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que atende a critérios relacionados ao tamanho das bancadas no Congresso, nada menos do que 62 minutos e 22 segundos serão destinados aos partidos que comporão a aliança de Alckmin – pouco mais de 51% do tempo total.
A cada bloco do horário eleitoral destinado exclusivamente aos presidenciáveis, com 12 minutos e 30 segundos, cerca de 6 minutos e 50 segundos serão destinadas à propaganda do tucano. Formado por PP, PR, DEM, PRB e Solidariedade, o bloco representa também uma nada modesta fatia de 440,4 milhões de reais no fundo eleitoral.
Essas legendas do “Centrão” irão se juntar a outras cinco siglas que já estavam na chapa de Alckmin. Além do próprio PSDB, o tucano já havia garantido as alianças com PSD, PV, PTB e PPS. Pelo acordo firmando nesta quinta-feira, o candidato a vice-presidente será o empresário mineiro Josué Gomes da Silva (PR), filho de José Alencar, que ocupou a mesma função nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O Centrão decidiu-se pelo apoio a Alckmin nesta quinta-feira após ter negociado por dias com outro presidenciável, Ciro Gomes (PDT). Segundo a coluna Radar, a principal oposição a fechar com o pedetista veio do DEM e do PRB. Também pesaram contra ele as recentes declarações polêmicas e o temor que provoca em parte do empresariado.
O bloco conhecido como Centrão surgiu em 2015, quando um grupo de legendas de médio e pequeno porte se afastou do domínio dos polos formados por PT e PSDB e formou um novo foco de poder no Congresso. Aproveitando-se do tamanho que possuíam quando unidas, os partidos demonstraram poder logo de cara, com a eleição do então deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ) para presidir a Casa, contrariando o governo Dilma, que queria Arlindo Chinaglia (PT-SP) no posto.
Hoje, a versão formada pelos cinco partidos, também chamada por vezes de “blocão”, não conta com algumas das legendas nanicas que também a integravam, mas tem o poder de sustentar um governo no Congresso – ou, se quiser, impedir seriamente que esse funcione, como no caso da ex-presidente petista. Somados, DEM, PR, PRB, PP e Solidariedade possuem 164 deputados federais e 21 senadores, além de duas governadoras – Cida Borghetti, do Paraná, e Suely Campos, de Roraima.
Apesar da adesão formal lhe garantir o tempo de televisão, Alckmin ainda precisará de mais esforço de negociação para garantir que os palanques estaduais e parlamentares desses partidos estejam com ele. A maior parte dos deputados do PR, por exemplo, é mais simpática a Jair Bolsonaro (PSL). Da mesma forma, PP e Solidariedade preferiam Ciro e resistiram ao tucano, aceitando a aliança em respeito ao acordo de apoio em bloco a um único candidato.
Fonte: Veja