
O prédio onde funcionou a Casa da Cultura em Teresina está de portas fechadas há dois anos. Devido à falta de investimentos, o casarão, que antes servia como cartão postal na cidade e local de formação de artistas, hoje corre o risco de cair no esquecimento.
O casarão pertence à Arquidiocese de Teresina, mas estava alugado para a Prefeitura de Teresina. A situação se agravou após a Prefeitura romper o contrato com a Arquidiocese em julho de 2021. Por problemas na estrutura e na parte elétrica, o local precisou ser interditado até que o casarão fosse reformado. O que não aconteceu desde o fim do contrato.
Casa abandonada
A tradicional escada em frente ao casarão está comprometida. O corrimão de um dos lados já caiu. As paredes viraram painéis para grafiteiros deixarem mensagens ou símbolos. As escadas estão cheias de lodo.
Hoje, o casarão hoje mais parece uma casa abandonada do que um local onde a cultura piauiense já foi trabalhada.
O imóvel foi construído em 1880 e serviu como residência para o Barão de Gurguéia e sua família. Depois da morte do Barão, o prédio virou Seminário e foi vendido por seus herdeiros para a Diocese de Teresina.
Ao Cidadeverde.com, a Arquidiocese de Teresina afirmou que o prédio será de responsabilidade do Governo do Piauí em breve. Segundo a Arquidiocese, as duas partes já estão em negociação.
Entidades lamentam descaso
A técnica em arquitetura Claudiana Cruz, ex-superintendente do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) lamentou o fato do Instituto não poder interferir, uma vez que a casa não é tombada pelo IPHAN.
“A gente acaba acompanhando e lamentando, mas não tem nenhum poder de interferir. É uma pena. Eu participo de uma coordenação de patrimônio e acontecia lá”, lamentou Claudiana Cruz.
Já o ex-presidente do Conselho Municipal de Cultura de Teresina, o jornalista João Henrique, destacou que o casarão é um dos poucos imóveis tombados em Teresina. Para o jornalista, a falta de cuidado com o antigo prédio da Casa da Cultura é o retrato do abandono da cidade e principalmente da cultura e do seu patrimônio.
“Foi um espaço de formação de muitos artistas. É muito triste isso porque reflete o abandono do Centro de Teresina. Todos os casarões abandonados estão sendo destruídos ou transformados em estacionamento. Estamos perdendo nossa memória”, frisou João Henrique.
O jornalista criticou ainda o poder público municipal que, após o fim do contrato com a Arquidiocese, “virou as costas e foi para outro prédio, deixando o casarão abandonado”.
“As pessoas olham com medo porque é assustador. Em outros lugares, quando você vê um patrimônio histórico quer fazer uma foto, conhecer. Mas, quando olhamos para o nosso, é só essa tristeza, é um abandono criminoso. Enquanto ex-presidente eu vejo isso com estranheza, tristeza e revolta. Precisamos nos levantar”, criticou o ex-presidente do Conselho Municipal de Cultura.
Bens tombados em Teresina
- Igreja de Nossa Senhora do Amparo (bairro Poti Velho);
- Edifício da Justiça Federal (Cenajus);
- Edifício da Antiga Intendência (Fundação Wall Ferraz);
- Palácio da Cidade (Prefeitura);
- Fábrica de Fiação (Armazém);
- Grupo Escolar Abdias Neves (Biblioteca Cromwell de Carvalho);
- Casarão do Barão de Gurguéia (Casa da Cultura);
- Casarão dos Libórios (Museu de Arte Sacra);
- Jockey Clube de Teresina.
Fonte:Cidade Verde