
José Fabrício de Carvalho Leal irá estudar leishmaniose cutânea no prestigiado Instituto de Medicina Tropical Alexander von Humboldt, em Lima
A trajetória acadêmica de José Fabrício de Carvalho Leal, 25 anos, natural de Belém do Piauí, acaba de ganhar um novo e expressivo capítulo. O jovem pesquisador foi aprovado para realizar um período de pesquisa internacional no Instituto de Medicina Tropical Alexander von Humboldt, vinculado à Universidad Peruana Cayetano Heredia, em Lima, no Peru. A oportunidade será viabilizada por meio do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE), promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
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Entre os meses de setembro e dezembro de 2025, Fabrício desenvolverá parte de sua tese de doutorado em Medicina Tropical com foco em leishmaniose cutânea, doença infecciosa que permanece como um grave problema de saúde pública nas Américas.
O projeto visa aprofundar a compreensão das manifestações clínicas da doença e fortalecer parcerias científicas entre Brasil e Peru — dois dos três países do continente com maior incidência de casos da enfermidade.
A conquista é resultado de um processo seletivo. Tudo começou em dezembro de 2024, com uma seleção interna promovida pelo Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade de Brasília (UnB), onde Fabrício atualmente cursa o doutorado. Entre os candidatos, sua proposta foi a escolhida para representar o programa junto à CAPES.
A proposta de pesquisa enviada à agência brasileira de fomento incluiu uma série de documentos exigidos, como a carta de aceite da universidade peruana, o detalhamento das atividades a serem desenvolvidas, cartas dos orientadores brasileiro e estrangeiro, cronograma e justificativas científicas que demonstrassem o impacto esperado da pesquisa. O resultado final foi divulgado em maio de 2025, com a aprovação oficial da CAPES.
A escolha do Peru como destino da pesquisa não foi aleatória. Segundo Fabrício, a decisão está alinhada tanto com os objetivos da sua tese quanto com a necessidade de fomentar cooperação entre centros de excelência latino-americanos.
“Escolhi o Peru por ser, assim como o Brasil, um dos países das Américas com maior número de casos de leishmaniose cutânea. Essa oportunidade representa não apenas um avanço acadêmico, mas também uma chance concreta de fortalecer a produção científica regional e buscar soluções para um problema que afeta milhares de pessoas em nossos países”, afirma o pesquisador Fabrício.
A experiência internacional também marca a primeira vez de Fabrício fora do Brasil. Em entrevista ao Portal InfoNewss, ele compartilhou as expectativas para essa nova fase. “Enquanto jovem pesquisador, o doutorado sanduíche representa um passo importante na consolidação da minha identidade acadêmica. É a chance de trabalhar lado a lado com cientistas que até então conhecia apenas pelos artigos publicados. Mais do que isso, é a vivência de uma nova cultura, uma nova rotina e uma nova língua. É uma experiência que me desafia a me reinventar todos os dias e a valorizar ainda mais minhas origens”, relatou.
A história de Fabrício é uma narrativa inspiradora de superação e dedicação. Nascido em uma família simples, filho de Marciela Aparecida de Carvalho Leal e Francisco José Leal, o jovem estudou exclusivamente em escolas públicas do município de Belém do Piauí. É irmão de Fred Maylon Carvalho Leal e desde cedo demonstrou um forte interesse pelas ciências da vida.
Graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), ele foi aprovado em 2022, em primeiro lugar, no processo seletivo para o Mestrado em Medicina Tropical da Universidade de Brasília — programa no qual posteriormente ingressou no doutorado.
Com um currículo ascendente e movido pela curiosidade científica, Fabrício representa uma geração de jovens pesquisadores comprometidos com a produção de conhecimento aplicado e com o enfrentamento de problemas de saúde negligenciados.
O PDSE, programa que tornou possível essa mobilidade acadêmica, é uma iniciativa estratégica da CAPES. Seu principal objetivo é fomentar a formação de recursos humanos altamente qualificados, fortalecer a internacionalização dos programas de pós-graduação brasileiros e estimular colaborações científicas internacionais duradouras.
Para Fabrício, essa é uma oportunidade que transcende o âmbito acadêmico. “Tenho certeza de que voltarei não apenas um pesquisador mais preparado, mas também um ser humano mais aberto, resiliente e enriquecido pela troca com outras realidades. É uma chance de aprender, compartilhar e crescer em todos os sentidos”, concluiu.
Sobre o Instituto Alexander von Humboldt
O Instituto de Medicina Tropical Alexander von Humboldt, em Lima, é um dos centros mais renomados da América Latina no estudo de doenças tropicais, incluindo malária, leishmaniose, doença de Chagas e arboviroses. Associado à Universidad Peruana Cayetano Heredia, o instituto é referência em pesquisas clínicas e de campo, atuando em colaboração com instituições internacionais como a OMS e a Universidade de Harvard.