Na quinta-feira, 2 de novembro, feriado de Finados, enquanto muitos aguardavam as primeiras chuvas do ano no sertão do Piauí, a região de Picos foi surpreendida por um fenômeno indesejado. A tão aguardada chuva, apesar de trazer alívio para a seca, veio acompanhada de fortes ventos, resultando em danos significativos e preocupação para os moradores.
Em Francisco Santos, cidade situada a aproximadamente 357,0 km da capital Teresina, os ventos poderosos causaram danos no teto de um posto de combustíveis. Além disso, várias residências e estabelecimentos comerciais tiveram suas estruturas comprometidas. A força dos ventos se mostrou capaz de abalar a estabilidade de algumas construções, deixando a população local apreensiva diante da magnitude dos estragos.
A situação não diferiu em Padre Marcos, conhecida como o berço da educação piauiense e também como a “Terra da Boa esperança”. No município, uma estátua de Nossa Senhora Aparecida, localizada em uma praça, não resistiu aos ventos intensos e desabou, representando não apenas danos materiais, mas também um símbolo afetivo para a comunidade.
No Povoado Barro Vermelho, zona rural de Paulistana-PI, os efeitos foram ainda mais impactantes. Árvores foram arrancadas, postes e muros caíram, e várias residências, estabelecimentos comerciais e até a entrada do cemitério local ficaram sem telhados, vítimas da força dos ventos. O caos foi tamanho que a Missa de Finados precisou ser cancelada, e a região enfrenta problemas graves no fornecimento de energia elétrica e internet.
Além dos danos causados pelos ventos, as primeiras chuvas provocaram a primeira cheia no Riacho da comunidade Pé da Serra dos Felix, na cidade de Simões, evidenciando a mudança brusca no clima e seus impactos na região.
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Em entrevista ao Portal InfoNewss, o climatologista Werton Costa explicou sobre o ocorrido. “Essas chuvas, conhecidas como pré-temporada, não seguem nosso calendário típico de precipitações. Sua origem varia, seja da unidade amazônica, proveniente do Atlântico Sul ou redistribuída por sistemas transitórios. São sistemas ciclônicos que desencadeiam tempestades locais intensas, resultando em fortes rajadas de vento e, por vezes, até granizo. A intensificação dessas tempestades pode ocorrer com a entrada de umidade do Atlântico Sul, especialmente por meio de frentes frias, como recentemente testemunhamos em vários municípios. A interação entre a umidade adicional e o calor excessivo cria condições termodinâmicas propícias para a formação de nuvens, desencadeando chuvas rápidas, as conhecidas ‘pancadas’. O deslocamento rápido da água vertical durante a chuva resulta em um movimento acelerado da coluna de ar. Esses ventos, tanto verticais quanto horizontais, podem causar sérios transtornos às infraestruturas elétricas, árvores e estruturas de cobertura, como postos de combustíveis e placas de publicidade. As rajadas podem atingir velocidades superiores a 80 quilômetros por hora, representando um perigo. Entretanto, é crucial ressaltar que esses eventos são localizados e não generalizados. São típicos desse período, não ocorrendo o tempo todo. À medida que a estação chuvosa se estabelece e as temperaturas se estabilizam, a probabilidade desses fenômenos diminui.” Disse.
