
Familiares, amigos, admiradores e a população em geral deram no final da manhã desta quinta-feira, o último adeus ao radialista, jornalista, poeta, escritor, compositor, cantor e ex-prefeito do Belém do Piauí, Antônio Gomes de Sousa, que faleceu em Teresina na manhã desta quarta-feira, 09 de setembro, aos 65 anos de idade, em decorrência de problemas cardíacos.
Como forma de homenagear e prestar o último adeus ao primeiro prefeito da história do município de Belém do Piauí, a Câmara Municipal realizou nesta quinta-feira, uma Sessão Solene Fúnebre, onde familiares, amigos e autoridades prestaram suas últimas homenagens, e lembraram da brilhante trajetória política, profissional e de vida, de Jurdan Gomes como era mais conhecido.
A cerimônia, foi conduzida pelo vereador Bernardino Carvalho e contou com a presença de outros parlamentes, autoridades, secretários municipais de Belém, bem como políticos de outras cidades da região. Na oportunidade o advogado José Benedito Neto, fez a leitura do Decreto que instalou luto no município por três dias, e a nota de pesar emitida pela Câmara Municipal.
A morte do ex-prefeito, teve ampla repercussão em todo o estado do Piauí e várias autoridades se manifestaram através de nota de pesar, dentre os quais o governador Wellington Dias, o deputado federal Júlio César e o Deputado Estadual Georgiano Neto, dentre outros. Durante a sessão solene foram grandes as homenagens dos que puderam estar presentes, oradores evidenciaram a luta enfrentada por Jurdan para emancipar Belém, bem como, abordaram sobre sua brilhante trajetória política e o trabalho profissional desenvolvido como ativista cultural.
Natural de Fronteiras, Jurdam Gomes é conhecido e benquisto em toda macrorregião, tendo trabalhado como Jornalista e Radialista. Durante a sessão as pessoas lotaram o plenário e todo o entorno da Casa Legislativa, demonstrando o amor, apreço e gratidão pelo ilustre cidadão. Jurdan Gomes mesmo não sendo natural de Belém, adotou o município como sua terra, constitui família, fez muitos amigos e parte deixando um admirável legado, humano e político.
Abertos os pronunciamentos, o secretário de Cultura, Edson Ribeiro, leu a mensagem do prefeito Ademar Carvalho. “Lidar com a dor do falecimento de alguém querido nunca é uma tarefa fácil, não importa se a morte acabou de acontecer, ou se já fazem alguns anos que a pessoa esta ausente, a dor também é sempre presente, e quando mais próximos estivermos daquele que partiu maior será a dor da perca. Falar de Jurdan é tarefa fácil, mas que pode se revestir de uma dificuldade ímpar de acordo com as circunstâncias, tarefa fácil pois aqui o conhecemos e compartilhamos momentos de proximidade com esse cidadão público, tarefa difícil pela complexidade da personalidade e o papel por ele desempenhado na construção de nossa comunidade, tarefa difícil por nos faltar palavras que expressem a real dimensão desse personagem chave no desenvolvimento de toda a nossa região, possivelmente, apenas o tempo nos permitirá entender o alcance dos atos e da personalidade do homem público, Jurdan”. Narrou.
“Tive o privilégio de trabalhar ao seu lado desde os primórdios da luta pela emancipação de nosso município, fui representante do povo nesta Casa no primeiro mandato de Jurdan, fui seu vice-prefeito e seu sucessor a frente do Poder Executivo, em toda essa trajetória presenciei erros e acertos praticados por ele, afinal assim são os seres humanos, mas jamais o vi negar-se a luta, retroceder diante da adversidade ou fugir ao combate em defesa da nossa terra, sorrimos, lutamos, sangramos, cansamos, renovamos nossas forças, concordamos, planejamos, agimos, divergimos, afinal a verdadeira amizade é provada na tempestade, e por fim na reconciliação, e não na bonança e na indiferença que leva a com tudo concordar”, afirmou.
Na mensagem o Gestor expressou sua gratidão a Deus, por que pode se aproximar do homem Jurdan. “Durante o último ano tivemos uma proximidade tal, que não seria possível no momento de luta e trabalho como homens públicos. Mas foi ai que pude notar a grandeza do coração de quem faz o bem desinteressadamente, a serenidade de quem sabe que cumpriu seu dever e a firmeza de caráter daqueles que sabem liderar, louvo a Deus por isso por saber que pude me aproximar do homem Jurdan, e assim vislumbrar aquilo que havia por trás daquela personalidade pública, pude prever o ser humano raro e predestinado a marcar seu caminho como ser especial que foi, impossível se aproximar de Jurdan e não ser contagiado por sua alegria, bondade e otimismo, cumpriu sua tarefa, completou sua jordana, deu-nos o melhor de si, e agora cabe a nós não desmerecer sua existência, agora. […] Vai em paz Jurdan você cumpriu seu papel”, disse.
Em discurso o ex-prefeito de Fronteiras-PI, Eudes Agripino, falou sobre o amor de Jurdan por Belém. “O Jurdan está indo mas deixa um grande legado, esse lugar não será mais o mesmo, Belém não será mais o mesmo, Jurdan quando começou sua caminhada nessa cidade na emancipação, ele tinha tanta vontade de ver Belém crescer, tanto é que muito antes de assumir a Prefeitura, já estava construindo a sede. Entre erros e acertos, o Jurdan aonde errou foi tentando acertar, querendo fazer o melhor, porque quem ama cuida. E era esse amor e carinho que ele tinha por essa cidade que hoje é modelo para o Piauí, mas certamente vai ficar a história, todo seu legado, um pai, um amigo, um poeta, um escritor, um cantor, um líder político e antes de tudo um cristão simples. Sua simplicidade, inteligência, capacidade, um homem sereno, vai deixar seu legado, para Belém, para Fronteiras sua terra e para o Piauí, até breve meu grande amigo Jurdan, vá em paz.” Disse.
Bastante emocionada, a esposa do deputado federal Júlio César e mãe do deputado estadual Georgiano Neto, Jussara Lima, que é sobrinha de Jurdan, e sua fala lamentou a perca, disse que o momento de muita dor para família e que o tio escolheu Belém como sua morada. “A gente não escolhe o lugar que vai nascer, mas escolhe o lugar que quer morar, e ele escolheu Belém para ser a sua terra. Estive com ele terça-feira, estava feliz, conversamos e disse, Jussara eu amo Belém, eu amo até brisa daquela cidade, amo aquela gente toda, e estou feliz também, porque eu me reaproximei do Ademar, nós caminhos juntos desde o início, na formação na cidade, e hoje reconheço que ele está fazendo um grande trabalho dando continuidade a tudo aquilo que eu preparei. Eu disse, mas tio deixa isso, vai viver sua vida, a sua poesia, sua música, e ele me respondeu, é porque as vezes o poeta se confunde com o político e eu sou um homem muito sentimental. Tio Jurdan tinha um coração aberto para o povo, ele amava essa terra, e o povo daqui sabe disso, ele percorria essas ruas só para olhar para cada um, não sei se tinha reciprocidade que talvez merecesse, mas ele amou essa terra, como talvez ninguém amou, ele era um homem incrível de um coração sensível e extraordinário”, relatou Jussara.
O presidente da Casa, Bernardino Carvalho, retratou a trajetória política percorrida por Jurdan para emancipar o município, destacou o seu legado, se solidarizou com toda a família e comentou que em 20 anos como legislador, é a primeira vez que conduz uma sessão fúnebre. “Jurdan deixou um legado, ele plantou e a colheita já começou, pois seu trabalho foi conduzido, então fica a nossa gratidão a família e a ele por tudo que fez para Belém do Piauí, pois quem ajudou nosso município no tempo das vacas magras foi esse cidadão que está nos deixando, e, é com muita tristeza que nos despedimos dele”, afirmou.
Também se pronunciaram e homenagearam o ex-prefeito, o vereador Ildimar Granja, o professor Jailson Araújo, o acadêmico Geofracis Latorres, representado o vereador Burega, o padre de Belém do Piauí, Fernando Amando, o pastor da igreja Assembleia de Deus de Padre Marcos, Francisco Manoel, o professor Ozanan Leal, o secretário de Cultura de Belém, Edson Ribeiro, Feliciano de Francisco Macedo, a sobrinha Edineia, o médico Rubens Batista, e o familiares de jurdan, Josimar e Norberto Perreira.
Logo após, foi feita a oração de encerramento pelo Padre Fernando Amando, em seguida dada a bênção, e todos deixaram o local em o cortejo até o Cemitério Municipal, onde ocorreu o sepultamento.
O carro fúnebre realizou trajeto pela cidade e foi seguido por pessoas e veículos de passeio.
História Profissional – Alerp

Nascido em Fronteiras, sendo filho de Antônio Gomes e de Higina Rodrigues Gomes, Antônio Gomes, foi o primeiro prefeito de Belém do Piauí e foi precursor da emancipação política do município, sendo prefeito da cidade por dois mandatos, no período de 1997 a 2004, e dedicou sua vida profissional como ativista cultural, tendo atuado como radialista, jornalista, poeta, escritor, compositor e cantor.
Antônio Gomes de Sousa entrou para ALERP no dia 07 de fevereiro de 2004, e costuma dizer que Deus colocou um saquitel abarrotado de poesias, pois desde criança que esta aspiração para inspirar vive com ele.
Trabalhou na rádio Cidade Campos Sales (CE), foi um dos fundadores da rádio Boa Esperança, Padre Marcos (PI) e também da rádio Vale do Coroatá, Elesbão Veloso (PI). Já trabalhou em Jaicós na rádio Canta Galo. Também foi apresentador de televisão na TV EDUCATIVA-PI, oportunidade em que apresentou o programa Oitão da Casa Grande.
Iniciou sua produção musical em 1980 com um compacto duplo. Foi a música “A Volta do Jerico” que o projetou no cenário artístico. Volta a lançar em 2000 a lançar outro CD “Afogados no Desespero” e em 2002 é a vez do CD “É Difícil Ser Perfeito”, ambos com tiragem de 2000 CDs. Além disso gravou um CD documentário com Patativa do Assaré. Pronto para ser lançado tem ainda o CD “Fome Zero”. Foram lançados também 04 CDs de poesias e documentário, sendo: Cartas Versadas (2002), Tributo a Fronteiras (2003), As Coisas da Minha Terra e História do Meu Sertão, ambos de 2004.
Jurdan tem mais de 500 poesias, distribuídas em 8 livros: Espinho na Garganta (1983), Idioma de Caboclo (1984) publicados em Fronteiras. Nas Margens do Coroatá (1990), O Morto Vivo (1991) publicados em Elesbão Veloso, Pausada dos Marmeleiros (1998), Fronteiras Ontem (2003) e o Cantador do Sertão (2003). Encontra-se em fase de conclusão os livros. O Sertão que eu canto e “Só para Cabra sem Vergonha” poesias e de sentido duplo, e é autor do hino de Fonteiras-PI, hino de Padre Marcos-PI e hino de Belém do Piauí.
Jurdan é membro da ALERP, ocupando a cadeira de nº 23, cujo patrono é Absolon de Deus Nunes. Foi empossado em 07 de Fevereiro de 2004.
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