O saque máximo do FGTS a ser liberado ainda este ano deva ficar em R$ 500 por trabalhador, consideradas suas contas ativas e inativas. A medida vai injetar R$ 30 bilhões na economia neste ano e R$ 10 bilhões no ano que vem. O presidente Jair Bolsonaro afirmou que a medida é emergencial. O objetivo é tentar recuperar a economia “que não vai bem”.
Questionado pela reportagem sobre como a medida afetará a economia do Piauí, o vice-presidente do Corecon-PI classificou o valor do saque do FGTS como “um recurso insuficiente”. De acordo com o SPC Brasil, a maior parte dos brasileiros inadimplentes (53,3%) tinha, em junho, dívidas menores de 1.000 reais. 10,42% deles, o débito pendente superava 7.500 reais.
Para o economista, a medida deve funcionar como um fôlego momentâneo para a economia. Uma vez que o valor do saque anual de R$ 500 não é suficiente para saldar débitos, deve ser aplicado para o consumo imediato, como o pagamento de contas do dia a dia, como supermercado ou aluguel.
“Esse valor não servindo para pagar as contas e limpar o nome será aplicado no comércio. Se esse valor fosse maior o beneficiado poderia pagar o débito e, assim, resgataria o crédito, para poder voltar a consumir. Só que com esse valor de $500 por ano ele vai acabar sendo totalmente canalizado para o consumo imediato. Então, serve como um pequeno fôlego na economia”, destacou à reportagem.
EM SAQUE PASSADO, MAIORIA COBRIU GASTOS
O FGTS é um fundo pago pelas empresas a seus empregados com carteira assinada, administrado pela Caixa Econômica Federal, e tem a função de servir como uma reserva de segurança ao trabalhador. Só pode ser sacado em situações específicas, como demissão sem justa causa, compra de um imóvel ou na aposentadoria.
Esta deve ser a segunda vez que o governo faz uma medida que permite o saque fora dessas regras, para uso livre, na tentativa de dar ânimo a uma economia enfraquecida – a primeira foi em 2017, quando o governo Michel Temer liberou um total de 44 bilhões de reais em retiradas das contas inativas do fundo.
Uma pesquisa feita à época pelo SPC Brasil e a CNDL mostrou que o pagamento de contas do dia a dia foi o destino do dinheiro da maior parte dos beneficiados pela medida. A entidade entrevistou 800 pessoas em 12 capitais em maio daquele ano, quando cerca de 8% dos saques já haviam sido liberados (eles foram escalonados ao longo do ano de acordo com o mês de nascimento dos cotistas).
Entre os que já haviam retirado seu dinheiro da conta, 41% disseram que usaram a verba para cobrir gastos do dia a dia. Outros 36% destinaram o recurso para pagar dívidas atrasadas, 7% quitaram compromissos pendentes e 10% anteciparam parcelas de contas não atrasadas, como crediário e prestações da casa ou do carro. Investir ou guardar o dinheiro foi a opção de 16% deles, enquanto apenas 6% usaram o saldo para fazer compras.
LIMITE DO SAQUE
O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que os saques serão limitados a R$ 500,00 por conta. A partir do ano que vem os valores podem mudar. Sobre o percentual, o ministro afirmou ao G1, que nem todos os trabalhadores poderão sacar o limite máximo. “Olha, o limite é R$ 500. Aí tem uma proporção, um percentual que vai ser apresentado hoje à tarde”, disse.
“Vai ter uma proporcionalidade. Qual é o cuidado que a gente teve na formulação, que eu participei desse processo, na formulação é: quem tem pouco pode tirar um percentual maior, quem tem mais tira um percentual menor. Então, dessa forma que faz uma equalização aí, e permite que pessoas que tenham poucos recursos possam retirar um valor que seja minimamente significativo para ela”, explicou.
Fonte: OitoMeia