
No Brasil, estima-se que milhões de crianças estejam dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Apesar dos avanços nas legislações que garantem o direito à educação inclusiva, a realidade ainda é desafiadora para muitas famílias. A dificuldade em matricular filhos em escolas regulares, a falta de preparo das instituições e o dilema entre inclusão e ensino especializado são apenas algumas das barreiras enfrentadas diariamente.
Quem chama atenção para esse cenário é a psicopedagoga, especialista em educação especial, Ana Maria de Sousa, formada em Letras pela UFPI, em Pedagogia pela UNIBATA, pós-graduada em Psicopedagogia e em Educação Especial. Com experiência prática e acadêmica, ela ressalta que a inclusão escolar, embora prevista em lei, ainda não é plenamente efetivada.
“Muitas escolas ainda não estão adaptadas, seja em termos de estrutura física, seja em metodologias de ensino. Incluir não significa apenas matricular, mas garantir condições reais para que o aluno com Transtornos do Neurodesenvolvimento aprenda, se desenvolva e conviva em igualdade”, afirma Ana Maria.
Inclusão x ensino especializado
Outro ponto que gera debate é a eficácia da inclusão em classes regulares quando não há suporte adequado. Ana Maria ressalta que a presença de professores preparados e equipes de apoio é fundamental. “Uma escola regular pode e deve ser inclusiva, mas para isso precisa de acompanhamento especializado, estratégias pedagógicas diferenciadas e, muitas vezes, de apoio multidisciplinar. Sem esses recursos, a inclusão corre o risco de ser apenas no papel, e não na prática”, pontua a psicopedagoga.
Para Ana Maria de Sousa, é preciso mudar a forma como a sociedade encara a inclusão: não como um favor, mas como um direito. Isso envolve investir na formação continuada dos professores, ampliar o acesso a materiais pedagógicos adaptados e fortalecer o diálogo entre famílias, escolas e profissionais da área. “A inclusão verdadeira só acontece quando a criança se sente parte, aprende e tem suas potencialidades reconhecidas. É um trabalho conjunto, que exige empatia, preparo técnico e compromisso com a transformação social”, conclui.
Ana Maria de Sousa é especializada em Alfabetização para Crianças com Transtornos do Neurodesenvolvimento. Atualmente atua com atendimentos particulares no Instituto Viver em Picos e atende na rede pública do município de Geminiano participando da fundação da primeira Unidade de Atendimento Educacional Especializado (AEE) da região do vale do Guaribas, um serviço da prefeitura para alunos com TEA e outras necessidades educacionais, que complementa a educação regular, não a substitui.
Com seu trabalho e estudos, Ana Maria segue contribuindo para a construção de uma educação mais justa e inclusiva, auxiliando famílias e escolas a encontrarem caminhos possíveis para o desenvolvimento pleno de crianças com autismo.