Um grupo de presos do Complexo Penitenciário da Papuda está em greve de fome desde quarta-feira (21/11). Os detentos protestam contra o fechamento das cantinas nas unidades prisionais da capital da República e ameaçam iniciar uma rebelião.
As lojinhas vendiam itens de higiene, cigarros e alimentação. Uma das principais reclamações dos apenados é em relação à comida entregue por empresas terceirizadas. A marmita é considerada de má qualidade, situação agravada pela restrição de produtos levados por familiares em dias de visitação.
A presidente da Associação de Familiares de Internos e Internas do Sistema Penitenciário do Distrito Federal e Entorno (Afisp-DFE), Alessandra Paes, pontua que os direitos são mínimos e, quando retirados, a reação não é boa. “O único meio que tinham para se alimentar bem era por meio das cantinas. Com o fechamento, a situação piorou muito”, reclama.
Um detento da Papuda escreveu uma carta e a endereçou a autoridades por meio de familiares. No texto, ele reclama da situação do sistema e salienta que os presídios brasileiros se tornaram “verdadeiros depósitos de seres humanos, sem nenhuma condição de ressocialização”.
O preso ainda reforça o coro dos insatisfeitos com o término das vendas nas lojinhas. “Para terminar literalmente com a vida do apenado, vem a questão da alimentação, que não se permite vir pelas visitas, tampouco vender nas cantinas que mandaram fechar”, diz. A mensagem foi entregue ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pela Afisp-DFE.
Outro lado
A Sesipe argumentou que a Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social, por meio da Subsecretaria de Administração Geral (Suag), realizou licitações para a compra dos itens antes comercializados nas unidades prisionais, além de autorizar que familiares e amigos levem tais produtos para os apenados. “Com isso, a Sesipe promove a entrega de 27 itens, desde material de limpeza a material de higiene pessoal, como sabonete e creme dental, por exemplo”, completa.
A pasta ressaltou, ainda, que as cantinas ficarão abertas nos dias de visitação — que ocorrem de 15 em 15 ou 21 em 21 dias — até que nova condição seja estabelecida, “considerando a necessidade de garantir aos visitantes, familiares e amigos das pessoas privadas de liberdade que possam se alimentar durante as visitas”
FONTE: Metrópoles