Prefeitos do Piauí deixam de ser responsáveis pelo abastecimento de água na zona rural após concessão de saneamento

Prefeitos do Piauí deixam de ser responsáveis pelo abastecimento de água na zona rural após concessão de saneamento

O recente leilão de concessão da Microrregião de Água e Esgoto do Piauí (MRAE), vencido pela empresa Aegea, tem gerado intensos debates em todo o estado. Com a concessão, o abastecimento de água nas áreas urbanas e rurais dos 224 municípios piauienses passa a ser responsabilidade da Aegea, eximindo os prefeitos de arcar com o serviço nas zonas rurais.

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O contrato, firmado entre o Governo do Estado e a Aegea, prevê um investimento de R$ 8,6 bilhões em um período de 35 anos, com metas ambiciosas para a universalização do abastecimento de água e esgotamento sanitário.

Conforme o plano da Aegea, que já administra os serviços de água e esgoto na capital Teresina, o abastecimento de água deverá alcançar 99% dos domicílios piauienses até 2033, enquanto o saneamento básico deve abranger 90% das residências até 2040.

Embora o objetivo do projeto seja melhorar a infraestrutura e a qualidade dos serviços de água e esgoto, a transferência da responsabilidade para a Aegea tem gerado preocupação entre lideranças municipais e moradores.

Hoje, muitos prefeitos enfrentam dificuldades logísticas e financeiras para garantir o abastecimento de água nas zonas rurais, especialmente em períodos de estiagem. Até então, grande parte dos gestores investia em poços artesianos, e transporte de água por carros-pipa para atender às necessidades dos moradores rurais.

Com a concessão, essas ações deixam de ser responsabilidade dos municípios, passando a ser de competência da Aegea, que deverá assegurar o atendimento. Além disso, moradores de comunidades que atualmente não pagam pelos serviços de abastecimento de água passarão a arcar com custos conforme os novos termos de concessão.

A mudança de responsabilidade gera discussões sobre a agilidade e a efetividade da Aegea em alcançar, na prática, as áreas mais remotas e de difícil acesso.

Em entrevista exclusiva ao Portal InfoNewss, o presidente da Associação dos Municípios do Piauí — APPM, e prefeito de Caridade do Piauí, Antoniel Sousa, falou sobre o tema. “A concessão tem um papel fundamental para nós, pois não se trata apenas de universalizar o acesso à água, mas também de garantir a expansão do saneamento básico, algo que os municípios, sozinhos, não têm capacidade financeira para realizar. Do ponto de vista dos gestores, é positivo, pois retira dos municípios o peso dessas despesas e coloca a obrigação de execução nas mãos da nova empresa, conforme já estava previsto anteriormente. Nossa responsabilidade, enquanto prefeitos, passa agora a ser a fiscalização e acompanhamento para assegurar que as metas sejam cumpridas e que a população, especialmente a rural, receba os serviços prometidos.” Disse.

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Presidente da Associação dos Municípios do Piauí — APPM, e prefeito de Caridade do Piauí, Antoniel Sousa.

O prefeito de Vera Mendes, se mostrou preocupado em relação à execução do projeto e a demanda em comunidades mais remotas. “É um avanço para o estado, mas nossa preocupação é com a execução. Muitos desses locais são de difícil acesso, e os prazos precisam ser cumpridos para que o serviço chegue a quem mais precisa,” afirmou.

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Prefeito de Vera Mendes — Dr. Carlim

Compromisso com a universalização e impactos no longo prazo

Segundo o Governo do Piauí, o contrato visa reduzir as desigualdades no acesso a serviços básicos, principalmente entre as áreas urbanas e rurais. A expectativa é que, ao longo de uma década, toda a população do estado seja beneficiada com o abastecimento de água.

O projeto ainda inclui a expansão de 5.253 km de rede de água e 601 km de rede de esgoto, representando uma das maiores iniciativas de saneamento básico da região Nordeste. Com o tempo, estima-se que a infraestrutura fortalecerá a economia rural e a saúde pública, criando condições para um desenvolvimento sustentável nas comunidades do interior.

Apesar das promessas, a transição de responsabilidades e a execução do contrato demandam acompanhamento contínuo por parte da sociedade civil, prefeituras e órgãos de fiscalização. “Precisamos de garantia de que as metas serão cumpridas e que o projeto realmente contemplará as áreas rurais mais isoladas. A concessão representa um alívio para os prefeitos, mas os desafios de implementação serão enormes,” destacou um especialista em políticas públicas do Piauí.

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