A Polícia Nacional da Venezuela publicou uma montagem nas redes sociais com uma ameaça ao Brasil nesta quinta-feira (31). Na foto, há uma imagem borrada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está em frente à bandeira brasileira.
Além disso, há a frase: “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”, em tradução livre.
Isso acontece após o governo venezuelano criticar o governo brasileiro após um “veto” à entrada do país nos Brics. Para que uma nação seja aceita como integrante — pleno ou não — do bloco, é necessário consenso entre os membros.
Por mais que o país sul-americano tivesse apoio da Rússia, nação que atualmente preside os Brics, Lula determinou pessoalmente que o Itamaraty bloqueasse a entrada da Venezuela, segundo apuração de Américo Martins, analista de Internacional da CNN.
Nicolás Maduro, presidente venezuelano, já havia usado a expressão publicada pela polícia para se referir ao veto.
“Quem tentou calar ou vetar a Venezuela no passado se deu mal. Quem pretende vetar ou calar a Venezuela nunca conseguirá. A Venezuela não é vetada nem calada por ninguém, vão se dar mal”, exclamou Maduro.
A CNN entrou em contato com o Itamaraty e aguarda retorno.
Escalada da crise entre Venezuela e Brasil
A crise entre Venezuela e Brasil se agravou no final de outubro, após o país de Nicolás Maduro ter a entrada nos Brics, grupo que reúne as principais economias emergentes, vetada pelo Brasil.
O incômodo no governo venezuelano começou após o Brasil não reconhecer a suposta vitória de Maduro nas eleições presidenciais de 28 de julho.
Desde então, autoridades brasileiras, incluindo Lula, pediram para que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela divulgue as atas detalhando os resultados da votação e confirmando o pleito.
Então, durante a Cúpula dos Brics, realizada em Kazan, na Rússia, entre 22 e 24 de outubro, Nicolás Maduro fez um pronunciamento afirmando que seu país “faz parte desta família dos Brics”.
Ele pretendia que a Venezuela pudesse integrar o bloco econômico. Entretanto, para isso, é necessário consenso entre os integrantes do grupo e, conforme apurou Américo Martins, analista de Internacional da CNN, Lula determinou pessoalmente que o Itamaraty bloqueasse a entrada do país sul-americano.
No dia 29 de outubro, Maduro afirmou que o Itamaraty “sempre conspirou contra a Venezuela” e que é uma “chancelaria muito vinculada ao Departamento de Estado dos Estados Unidos”.
Celso Amorim, assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, pontuou que o Brasil estava sendo acusado injustamente por barrar a adesão venezuelana aos Brics.
Porém, o presidente do Legislativo venezuelano, Jorge Rodríguez, declarou intenção de declarar Amorim, como persona non grata no país.
Um dos movimentos de maior tensão nessa crise aconteceu no dia 30 de outubro, quando Venezuela convocou o embaixador venezuelano no Brasil, Manuel Vadell, para consultas após o descontentamento com Celso Amorim.
Esse passo é, na diplomacia, uma medida que expressa forte protesto, e poderia anteceder o rompimento de relações diplomáticas entre dois países, caso Maduro decida retirar definitivamente seu embaixador de Brasília.
Fonte: CNN Brasil, com informações de Luciana Taddeo, da CNN, em Buenos Aires