Os apicultores do Piauí fecharam o ano de 2018 com uma produção de mais de 5 mil toneladas de mel, que foram vendidas, principalmente para o exterior por US$ 17 milhões, equivalentes a R$ 50 milhões, informou o presidente da Federação de Apicultores do Estado do Piauí e diretor-geral da Casa Apis, de Picos, no Sul do Estado, Antônio Leopoldino.
Com essa produção, o Piauí passou a ocupar o posto de terceiro maior produtor brasileiro de mel de abelha, atrás apenas do Rio Grande do Sul e Paraná, e passou de Minas Gerais.
Segundo ele, o aumento da produção de mel no Piauí no ano passado ficou entre 20% a 25% da produção de 2017. Em 2017, o Piauí conseguiu produzir 4.404.654 quilos de mel de abelha, um aumento de 44,47% em relação ao ano anterior, o que rendeu uma verba de R$ 44,5 milhões, segundo os dados do IBGE. Com essa alta na produção, o Estado subiu três lugares no ranking e deixou para trás os Estados da Bahia, São Paulo e Santa Catarina. Apenas Minas Gerais (4,5 mil toneladas), Paraná (5,9 mil toneladas) e Rio Grande do Sul (6,3 mil toneladas) produziram mais que o Piauí.
Em 2016, o Piauí produziu 3.048.800 quilos de mel de abelha, o que gerou R$ 29,5 milhões aos produtores. Naquele ano, o Estado ocupava o 7º lugar no ranking de produção de mel do país, ficando atrás da Bahia (3,5 mil toneladas); São Paulo (3,6 mil toneladas); Santa Catarina (4,8 mil toneladas); Minas Gerais (4,9 mil toneladas); Paraná (5,9 mil toneladas) e Rio Grande do Sul (6,2 mil toneladas).
O valor gerado com a produção de mel de abelha no Piauí aumentou mais de 50% de um ano para o outro. Isso aconteceu porque, em 2017, o Estado produziu quase 1,4 mil toneladas a mais do produto que no ano anterior. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e colocaram o Piauí, naquele ano, como o quarto maior produtor de mel de abelha do país.
Em 2017, o mel produzido no Piauí correspondia a 10,6% de toda a produção nacional. Apenas Minas Gerais (10,9%), Paraná (14,3%) e Rio Grande do Sul (15,2%) tinham maior participação. Historicamente, a região Sul é a principal produtora de mel, respondendo por 39,7% do total do país, mas o aumento da ocorrência de chuvas, após seis anos consecutivos de estiagem, melhorou o quadro na região Nordeste, especialmente no Piauí. A produção nordestina de mel de abelha corresponde a 30,7% do total.
Em 2017, foram produzidas no Brasil 41,6 mil toneladas de mel de abelha em 3.879 municípios no país, um aumento de 5% na produção nacional em relação ao ano anterior, registrando o segundo maior valor da série histórica, iniciada em 1974 (em 2011 o total foi de 41,8 mil toneladas). A produção ocorreu em 3.879 municípios e foi estimada em R$ 513,9 milhões.
Fundação de Bill Gates traz africanos para conhecerem técnicas de produção
Essa posição do Piauí de ser o terceiro maior produtor de mel do Brasil está fazendo com que apicultores de outros países venham conhecer não apenas o mel produzido no Estado, mas conhecer as técnicas da criação de abelhas.
É o que está acontecendo agora com a Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) Meio Norte e a Universidade Federal do Piauí (UFPI). As duas instituições estão treinando africanos em marcadores genéticos e qualidade do mel.
Técnicos e pesquisadores da Universidade de Mekelle, da República Democrática Federal da Etiópia, no Nordeste da África, serão treinados pela Embrapa Meio Norte e a Universidade Federal do Piauí (UFPI) em marcadores genéticos e morfometria em estudos populacionais e em sistemática de Apis mellifera. A capacitação será feita também em controle da qualidade do mel, por meio de análises laboratoriais.
O treinamento está acontecendo em Teresina, iniciado no dia 11, e que vai até a 19 deste mês na sede da Embrapa Meio Norte.
O projeto integra o M-BoSs, programa internacional apoiado financeiramente pela Fundação Bill & Melinda Gates, do fundador da Microsoft, Bill Gates; Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID), e o Fórum para Pesquisa Agrícola na África (FARA).
O professor Fábio Barros Brito, da UFPI, e o doutorando Geice Ribeiro da Silva estão ministrando as aulas sobre marcadores genéticos no laboratório de Biologia Molecular da Unidade. Já a capacitação sobre qualidade do mel será comandada pela pesquisadora Ana Lúcia Horta, da Embrapa.
Os etíopes Abrehet Gebrekristos Teklu, Birhane Gebreanania Gebremedhin, Ekuba Gebrehaweria Gebrekrstos, Mohammed Tilahun Tessema e Teka Tareke Kahsay estão conhecendo também as pesquisas da Embrapa no Nordeste com abelhas indígenas sem ferrão e abelhas africanizadas.
De dia 20 ao dia 22 deste mês, o grupo visitará apiários, fábricas de colmeias e cooperativas de produtores de mel nos municípios de Picos e Simplício Mendes, no Sudeste do Piauí.
Esse treinamento é uma ação de um projeto de manejo produtivo de abelhas Apis Mellifera sustentável para garantir segurança alimentar nas áreas rurais da Etiópia, que no Brasil é coordenado pela pesquisadora Patrícia Maria Drumond, da Embrapa Acre.
Maior exportador de mel do mundo importa produto do Piauí por qualidade
A China é o maior produtor de mel do mundo, mas no ano passado começou a importar mel do Piauí por causa da qualidade do produto piauiense.
O presidente da Federação dos Apicultores do Piauí, Antônio Leopoldino, afirmou que o Estado está exportando mel para países que tradicionalmente compram o produto piauiense, como os Estados Unidos, Canadá, na América do Norte; França, Holanda, Alemanha e Bélgica, na Europa; e recentemente passou a exportar para a China, Japão e Coreia, na Ásia; e Arábia Saudita, no Oriente Médio.
Antônio Leopoldino explica a aparente contradição da China ser o maior exportador de mel do mundo e importar o mel do Piauí.
Segundo ele, apesar da China ser o maior produtor de mel, os chineses que melhoraram a qualidade de vida e passaram para a classe média querem consumir um mel de maior qualidade. Aí entra no mercado o mel piauiense.
“O mel do Piauí tem alta qualidade, é monofloral e vem da flora exótica da caatinga. As abelhas produzem o mel a partir do pólen do angico, do marmeleiro, da jitirana e do bamburral. Isso torna o mel piauiense diferenciado, exótico e de alta qualidade”, afirmou Antônio Leopoldino.
Outro diferencial do mel piauiense casa com um mercado que cada vez mais valoriza a natureza: é orgânico. A ciência vem dando sua contribuição para melhorar a qualidade do mel piauiense e para ampliar seu mercado de consumo.
Pesquisa identifica 40 espécies de grãos de pólen
No mês de janeiro, o Grupo de Estudos sobre Abelhas do Semiárido Piauiense (GEASPI), do Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Picos, iniciou o trabalho de descrição dos grãos de pólen que compõem a sua palinoteca, que possui atualmente cerca de 40 espécies identificadas, provenientes de coletas na região semiárida ao longo de dois anos.
Segundo a coordenadora do GEASPI, a professora Dra. Juliana Bendini, o trabalho possibilita a identificação de produtos apícolas por origem botânica, valorizando economicamente estes produtos como oriundos da caatinga.
A aluna do curso de Ciências Biológicas da UFPI de Picos, Jossandra do Nascimento, explica que com auxílio de um microscópio com câmera acoplada é possível realizar as medições do grão de pólen que são necessárias para sua descrição.
Outra ação em desenvolvimento é a ilustração científica das plantas e seus respectivos grãos de pólen.
A convite do GEASPI, a ilustradora gaúcha Norma Hennemann, que recentemente participou de uma formação no Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (INPA), participou do trabalho nas últimas duas semanas.
“A ilustração científica é uma arte muito antiga, mas ainda hoje pouco valorizada, apesar de suas potencialidades, inclusive didáticas, e para divulgação científica”, afirma a ilustradora.
Como resultado, foram produzidas três pranchas, cada uma de uma planta de um hábito diferente da caatinga. As ilustrações serão incorporadas ao acervo do GEASPI e ao trabalho de conclusão de curso da aluna Jossandra do Nascimento.
Abelhas são mortas em massa com aplicação de veneno
Os piauienses ficaram atordoados no início da semana com a notícia do primeiro caso de terrorismo biológico do Piauí. Abelhas de 28 colmeias foram dizimadas com veneno de pulverizar cajueiros, no município de Monsenhor Hipólito.
A denúncia foi feita na Delegacia de Polícia Civil do município, localizado a 378 km de Teresina, pelo apicultor Geovan José de Sousa, de 35 anos, que teve o seu apiário de abelhas envenenado. O prejuízo foi calculado em mais de R$ 12 mil. O crime aconteceu na localidade Lazam Velha, zona rural de Monsenhor Hipólito.
Segundo Geovan José de Sousa, essa não é a primeira vez que suas abelhas são envenenadas.
“Essa já é a segunda vez, de dezembro para cá, que acontece isso comigo. Dessa vez, eu perdi 28 colmeias com 30 melgueiras em cima, a ponto de tirar o mel”, disse Geovan José de Sousa.
Nos Estados Unidos, os casos de terrorismo biológico ou químico são investigados pelo FBI e CIA, porque podem ter grandes proporções.
O presidente da Federação dos Apicultores do Estado do Piauí e diretor-presidente da Casa Apis de Picos, Antônio Leopoldino, disse que a matança de abelhas em Monsenhor Hipólito tem que ser investigada de forma séria e cuidadosa com exames químicos e perícias para se chegar ao responsável pelo ataque.
Antônio Leopoldino explicou que também jogaram veneno e mataram abelhas de 1.500 colmeias na Serra do Araripe, na divisa dos Estados do Ceará, Pernambuco e Piauí.
“Jogaram o veneno em Monsenhor Hipólito e na Serra do Araripe de forma proposital e criminosa”, afirmou Antônio Leopoldino, lembrando que o ataque às colmeias, causando a morte de abelhas, é um crime, como é quando uma pessoa chuta ou mata um cão.
“Esses crimes são contra a natureza, contra os animais. É uma ação de vandalismo e as autoridades não podem ser omissas, como está ocorrendo atualmente. As investigações têm que ser profundas, com recursos para se saber qual foi o tipo de veneno que matou as abelhas”, falou Antônio Leopoldino, explicando que a morte das abelhas por uso de veneno é um crime por danos ao patrimônio, porque causa danos materiais e financeiros ao apicultor, que depende da atividade para a sobrevivência de suas famílias.
Antônio Leopoldino falou que as abelhas podem ser criadas a 150 metros de distância das residências e elas só atacam quando sofrem ataques.
“Esses crimes de vandalismo podem ser cometidos até por vizinhos dos apicultores inconformados com a criação das abelhas e produção de mel”, afirmou Antônio Leopoldino.
Fonte: Meio Norte – Efrém Ribeiro