
Com orçamento de R$ 51 milhões, a obra de construção do novo hospital de Picos (311 km de Teresina), que funcionará com Centro de Referência Médica, foi iniciada em 2010. Em 2016, as obras foram paralisadas por determinação judicial.
Já estavam paradas, na prática, há muito mais tempo. Ano passado, em 29 de novembro, o juiz da 1ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública, Aderson Antônio Brito Nogueira, liberou as obras para continuidade. A Secretaria Estadual de Saúde fez algumas fotos no canteiro de obras logo em seguida. Mas não passou disso.
>>> Acima, em setembro de 2019, Alderico Tavares, superintendente da Sesapi, visita obras em companhia de técnicos; nenhum resultado
Houve notícia na página oficial do governo e da Sesapi. Noticiou-se o seguinte: “O superintendente de Assistência à Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), Alderico Tavares, visitou, nessa terça-feira (10), as obras do novo hospital de Picos. O intuito da visita foi analisar, com o Núcleo de Engenharia e Infraestrutura da Sesapi, a situação do canteiro de obras, verificando a situação das obras e notificando qualquer ajuste necessário.”
Alderico Tavares informou ainda que seria feito um relatório final da engenharia para realizar reajustes junto à Caixa Econômica Federal a fim de que se obtivesse autorização para o reinício dos trabalhos. Nada aconteceu. Pelo menos, não até agora.
O novo hospital regional de Picos permanece com sua estrutura paralisada. E que estrutura. A obra prevê a construção de 260 leitos de enfermagem, 24 leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo), biblioteca, auditório com 150 lugares, central de processamento de resíduos, quatro salas de parto normal, refeitório e toda a estrutura de um hospital-escola, de média e alta complexidade.
Cerca de R$ 30,6 milhões já foram aplicados na estrutura inacabada. É pouco provável que o valor orçado seja, hoje, suficiente para sua conclusão. O governo deve propor um aditamento.
>>> Coronel Edwaldo Viana denunciou descaso do governo com a estrutura que prevê 24 leitos de UTI
ACADÊMICOS DO CURSO DE MEDICINA
A unidade deveria receber acadêmicos do curso de medicina da Universidade Federal do Piauí de Picos. “O que acontece aqui é uma aberração”, disse o coronel reformado Edwaldo Viana, pré-candidato a prefeito do município. Ele afirmou que a situação da saúde pública naquele município é algo estarrecedor. O atual hospital regional apresenta condições deploráveis, com pacientes nos corredores e profissionais desestimulados pela sofrível situação.
“O Hospital Regional Justino Luz está verdadeiramente abarrotado de pacientes. Não entendo como nada acontece diante de tamanho absurdo. Toda uma estrutura já montada e que permanece inacabada ao longo de dez anos. Ninguém faz nada para mudar essa realidade”, declarou.
O oficial atribui o atraso na obra a possíveis desvios nos recursos destinados à sua realização. “A corrupção precisa ser combatida com todo o rigor necessário”, salientou. Em junho, ele gravou e postou em suas redes sociais um vídeo contando parte da história do hospital. O objetivo foi chamar atenção das autoridades e da população para o longo período de abandono e os recursos desperdiçados.
Toda vez que uma obra é abandonada sua estrutura fica depreciada. Ao ser retomada, os encargos e prejuízos são totalmente assumidos pelo contribuinte, ou seja, pela população. Informa-se que o espaço da página está aberto para outras manifestações das autoridades mencionadas, caso assim desejem.
(Toni Rodrigues)