O mês de julho de 2025 trouxe um dado que representa um ponto de inflexão na segurança viária do estado do Piauí: as mortes nas rodovias federais caíram pela primeira vez no ano. Foram 18 óbitos registrados, um a menos do que em julho de 2024, quando 19 pessoas perderam a vida. A redução, ainda que modesta, interrompe uma sequência de crescimento na letalidade que vinha preocupando autoridades desde o início do ano.
O dado ganha ainda mais relevância por ter sido registrado durante o período de férias escolares, historicamente marcado por aumento no fluxo de veículos, deslocamentos familiares e viagens interestaduais.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o resultado positivo está diretamente ligado à intensificação das ações de fiscalização e presença ostensiva nas estradas. Desde maio, a Superintendência da PRF no Piauí determinou a realização de 40 operações mensais extras, com foco nos horários e locais de maior vulnerabilidade.
“Julho representou uma virada. Reduzimos as mortes mesmo no auge das férias, mostrando que fiscalização salva vidas. O problema não é a via, nem o veículo. É o comportamento. Nossa missão é proteger vidas, com firmeza e presença”, destacou o superintendente da PRF no Piauí, Fabrício Loiola.
Infrações mais flagradas revelam padrão de risco
Durante o mês de julho, a PRF registrou 8.495 infrações de trânsito apenas no território piauiense. A maioria delas está relacionada diretamente a causas de acidentes graves ou fatais. Os principais registros foram:
691 por conduzir veículo sem licenciamento;
630 por excesso de velocidade (até 20% acima do limite);
611 por dirigir sem Carteira Nacional de Habilitação (CNH);
490 por desobedecer ordem de parada de agente;
441 por pilotar motocicleta sem capacete;
432 por ultrapassagens em faixa contínua;
379 por transporte irregular de passageiros;
370 por iluminação ou sinalização alteradas;
327 por veículo em mau estado de conservação;
300 por transporte de passageiro sem capacete em motocicleta.
Esses dados reforçam um diagnóstico já conhecido dos órgãos de segurança: a imprudência, a negligência e o desrespeito às normas continuam sendo os principais fatores de risco no trânsito.
Estratégia focada em horários críticos
As 40 operações extras mensais da PRF têm ocorrido de forma estratégica, especialmente nos perímetros urbanos das BRs e durante os períodos mais críticos do dia — entre 6h e 9h da manhã, e das 14h às 17h. A atuação tem envolvido blitz, fiscalizações móveis e monitoramento com uso de tecnologia.
Além da repressão, a PRF também mantém ativa sua agenda de ações educativas voltadas a motoristas, motociclistas e pedestres. Contudo, o órgão admite que apenas a orientação não tem sido suficiente para frear o comportamento de risco de muitos condutores.
“Infelizmente, o que temos constatado é que o reforço na fiscalização foi o único meio eficaz até o momento para frear a escalada de mortes. O fator humano continua sendo o maior desafio”, ressaltou o superintendente.
Compromisso com a vida
A PRF no Piauí segue com o compromisso de “construir uma nova curva”, desta vez, marcada pela responsabilidade, consciência e preservação da vida. A redução registrada em julho é vista como um avanço concreto, mas também como um alerta de que o comportamento no trânsito precisa mudar, e rápido.
As ações seguem intensificadas nos meses seguintes, com foco não apenas na fiscalização, mas também na prevenção e na educação, pilares fundamentais para consolidar a redução da violência no trânsito piauiense.