Morreu nesta quarta-feira, no Hospital de Urgência de Teresina, João Miguel da Silva, 7 anos, internado por envenenamento desde domingo (25). Ele e o irmão, de 8 anos, foram envenenados e estavam em estado grave desde sexta-feira (23). O irmão mais velho segue em estado grave. A suspeita, Lucélia Maria da Conceição Silva, 52 anos, vizinha das vítimas, foi presa horas depois e teve a prisão preventiva decretada.
Os dois irmãos foram internados com sintomas de envenenamento na sexta-feira (23) e a suspeita, uma vizinha das vítimas, foi presa horas depois. Ela negou as acusações ao chegar à Central de Flagrantes. Revoltados com a situação, vizinhos incendiaram a casa da mulher.
Os irmãos estavam entubados no Hospital Nossa Senhora de Fátima, anexo do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), em Parnaíba. O transporte das crianças à capital foi feito por uma aeronave do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
A assessoria do Heda afirmou que a equipe médica do hospital realizou um exame para determinar a substância que envenenou os meninos, mas os resultados ainda não estão disponíveis.
Prisão preventiva decretada
Na decisão que converteu a prisão em flagrante da suspeita em preventiva, o juiz Marcos Antonio Moura Mendes apontou que a materialidade do crime foi demonstrada e existem indícios de autoria, tais como:
- Veneno encontrado na residência da indiciada;
- Existência de cajueiro em frutificação no quintal da residência dela;
- Histórico de agressões a crianças, conforme relatos de vizinhos.
Segundo o delegado Renato Pinheiro, da Central de Flagrantes de Parnaíba, a suspeita negou ter envenenado as crianças. No entanto, ela mesma indicou, durante busca e apreensão realizadas em sua casa, o local onde o veneno estava.
Os policiais encontraram, debaixo de uma cômoda, envólucros de estricnina, conhecida popularmente como “chumbinho”. A substância pode provocar desordem convulsiva, contrações musculares e falência respiratória.
A mulher alegou que utilizava a substância para matar ratos. O veneno e uma sacola com cajus foram apreendidos e levados para perícia no Instituto de Criminalística. A suspeita ficará presa na Penitenciária Mista da cidade.
Crianças receberam saco de cajus
A mãe dos irmãos relatou que, na sexta-feira (23), o filho mais velho chegou à casa da família com um saco de caju, que teria sido oferecido pela vizinha Lucélia Maria da Conceição Silva, suspeita de envenenar as crianças.
“Ele foi comer os cajus com o irmão e os dois saíram para brincar. Quando o mais novo voltou, disse que estava tonto, se sentindo mole e me pediu para segurá-lo. Eu o segurei e ele estava roxo, com a língua preta, babando e vomitando o caju”, lembrou Francisca.
O filho caçula foi levado ao hospital e, pouco depois, o irmão mais velho também deu entrada com os mesmos sintomas, levado pelo tio das crianças. Francisca disse ainda que não tem qualquer relação com a vizinha suspeita do crime.
Suspeita de envenenamento é presa
Conforme relato de familiares, os meninos começaram a passar mal após comerem cajus que teriam sido ofertados pela mulher. Ela foi identificada como não se sabe se havia a intenção de envenenar as crianças ou se a intoxicação aconteceu por acaso.
A mãe das crianças informou que animais também foram envenenados no bairro Dom Rufino, onde moram.
“Relatos de testemunhas apresentaram informações de que a suspeita do crime tem conflitos com a vizinhança e de que, frequentemente, animais aparecem supostamente envenenados e mortos nas proximidades da casa da investigada”, informou a Polícia Civil.
Após denúncia dos familiares das crianças, a Polícia Militar prendeu a mulher e ela foi levada à Central de Flagrantes de Parnaíba.
Uma viatura foi deixada no local para evitar danos à casa de Lucélia, mas vizinhos incendiaram a casa dela durante a noite.
Após a prisão, foram feitas buscas na casa da suspeita pela Polícia Civil e apreendidos frascos que serão analisados, porque a polícia suspeita de que teriam substâncias tóxicas.
“Após colher os depoimentos, inclusive o depoimento da mãe das vítimas narrando o gravíssimo estado em que as crianças se encontram e, diante do histórico criminoso da investigada, já sendo investigada por outros crimes, a Polícia Civil realizou levantamento de dados e relatório a fim de dar robustez ao pedido de busca”, completou a Polícia Civil.
Fonte: g1