
A Justiça Eleitoral de Teresina suspendeu a audiência de julgamento da vereadora Tatiana Medeiros e de outros oito réus, marcada para os dias 13 a 17 de outubro de 2025. A decisão acontece após o Tribunal de Justiça do Piauí declarar ilegal um relatório financeiro, peça-chave nas investigações que motivaram a denúncia contra os réus.
O relatório foi considerado inválido pelos desembargadores. Por consequência, todas as provas obtidas a partir desse relatório foram anuladas. Com a suspensão da audiência, o Ministério Público Eleitoral terá agora que verificar se existem outras provas independentes que possam sustentar a acusação contra os réus. Caso não existam, a denúncia pode ser comprometida.
Além de Tatiana Medeiros, os réus incluem Alandilson Cardoso Passos, Stenio Ferreira Santos, Maria Odélia de Aguiar Medeiros, Emanuelly Pinho de Melo, Lucas de Carvalho Dias Sena, Bruna Raquel Lima Sousa, Sávio de Carvalho França e Bianca dos Santos Teixeira Medeiros. Eles são acusados de crimes como falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, ocultação de bens e participação em organização criminosa.
Tatiana Medeiros cumpre atualmente prisão domiciliar com monitoramento eletrônico, após ter sido presa preventivamente em abril de 2025 e apresentar problemas de saúde.
Anulação de provas altera processo
A decisão da juíza Júnia Feitosa, da 98ª Zona Eleitoral, destaca que a suspensão da audiência é uma medida precautelar para evitar nulidade processual. “Permite o perfeito exame das implicações do acórdão sobre a regularidade das provas”, explicou a magistrada.
Agora, o Ministério Público Eleitoral terá 10 dias para verificar se existem provas independentes do relatório anulado que possam sustentar a acusação. Caso não existam, a denúncia pode ser comprometida.
Caso de Alandilson Cardoso Passos
Foto: Polícia Civil
Alandilson, namorado de Tatiana, também tinha audiência marcada separadamente em outro processo relacionado a lavagem de dinheiro e organização criminosa, que foi suspensa anteriormente pelo mesmo motivo: a anulação do RIF utilizado como base da investigação.
Ele está preso preventivamente em Belo Horizonte (MG) desde novembro de 2024, após ser detido durante operação da Polícia Federal. As investigações apontam que ele movimentou recursos suspeitos de origem ilícita e teve relações com empresas e pessoas investigadas por crimes financeiros e de tráfico de drogas.
Histórico das investigações
As apurações começaram em novembro de 2024, quando o Denarc prendeu 13 pessoas por lavagem de dinheiro e organização criminosa e interditou nove empresas. A operação identificou movimentações financeiras atípicas de mais de R$ 2,1 bilhões e resultou na apreensão de 190 veículos, dinheiro em espécie, relógios de luxo, armas e vasta documentação.
Tatiana Medeiros e Alandilson foram alvos da operação, sendo que Tatiana chegou a ser presa junto com ele em Belo Horizonte, antes de voltar para Teresina.
Próximos passos no processo
Com a suspensão da audiência, os mandados de intimação emitidos ainda não cumpridos foram cancelados. A Justiça aguarda manifestação do Ministério Público sobre a existência de provas autônomas.
Também será analisado o pedido da defesa de Alandilson para revogação da prisão preventiva, devido à perda da base probatória que justificava a medida extrema.
A juíza ressaltou que todas as decisões seguem o rigor legal e o devido processo, garantindo que os réus tenham ampla defesa e que as eleições de 2024 não tenham sido afetadas por interferência de facções ou organização criminosa.
Fonte: Cidade Verde