Greve de caminhoneiros continua e chega ao 5º dia, reflexos já são vistos pelo país;

Mesmo após firmar acordo com o governo na noite de quinta-feira (24),os protestos dos caminhoneiros continuam nesta sexta-feira (25) pelas rodovias que cortam o País.

Além da falta de combustível nos postos, a paralisação já afeta o abastecimento de mercadorias em supermercados; os aeroportos registram falta querosene, o que prejudica as decolagens; o fornecimento de energia elétrica em Rondônia; entre outros reflexos.

Em entrevista à RecordTV, o presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Estado de São Paulo, Claudinei Natal Pelegrini, disse que o “movimento é espontâneo e espontâneo vai ficar”.

— O que garante que na semana que vem não coloquem outra tarifa?

Pelegrini diz que os caminhoneiros possuem o apoio da população. “Eles sabem que a reivindicação é justa, caso contrário [a população] teria se voltado contra nós”, diz. Para ele, os brasileiros “sentem o momento gravíssimo” e “entendem os protestos”.

Ontem, após reunião que se estendeu ao longo de todo o dia no Palácio do Planalto, o governo federal anunciou que parte das entidades que representam os caminhoneiros assinaram um termo de acordo para suspender a paralisação feita pela categoria no país por 15 dias.

O anúncio foi feito pelo ministro dos Transportes, Valter Casimiro, o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha e o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia.  O governo afirma que vai congelar o preço do diesel por 30 dias, já com a redução anunciada pela Petrobras, e se comprometeu também em reduzir a zero a Cide (Contribuições de Interveção no Domínio Econômico) para o ano de 2018.

São Paulo

Em São Paulo, apenas 61% da frota de ônibus está nas ruas para atender a população, informou a SPTrans (São Paulo Transportes) nesta sexta-feira. “A Prefeitura está empenhada em minimizar os transtornos causados pela greve e recomenda à população que evite deslocamentos desnecessários nesta sexta-feira”, diz a nota. Pelo terceiro dia consecutivo, a Prefeitura de São Paulo anunciou a suspensão do rodízio de veículos nesta sexta.

Pelo menos 100 vans escolares realizam protestos na capital paulista em apoio a paralisação dos caminhoneiros nesta sexta. O objetivo, segundo o grupo, é bloquear a marginal Tietê.

Rodovias que cortam o Estado de São Paulo apresentam diversos pontos de bloqueio de caminhoneiros nesta sexta. Na rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba, caminhões ocupam uma faixa e atearam fogo em barricada de pneus — não há previsão de liberação da pista, segundo o grupo. A situação é a mesma no sentido São Paulo, quando se há o registro de pelo menos 10 km de congestionamento.

A rodovia Imigrantes, que liga a capital paulista ao litoral, está com trânsito lento do km 23 ao 24 no sentido litoral por causa de protestos de caminhoneiros. Na Anchieta, o motorista vai enfrentar lentidão do km 23 a 25 também no sentido litoral.

Na Fernão Dias, que liga São Paulo ao interior do Estado, os motoristas também encontram trechos de lentidão. Os trechos bloqueados no sentido Minas Gerais são km 691 na região de Lavras; km 589, em Carmópolis de Minas, km 618 em Oliveira (MG), km 858 em Pouso Alegre (MG), km 925 em Itapeva, km 507 em São Joaquim das Bicas.

Os trechos no sentido São Paulo que estão bloqueados são km 692 em Lavras (MG) e km 754 em Três Corações (MG). O trânsito está lento nos dois sentidos nos trechos do km 949 em Extrema (MG), no km 485 em Betim (MG) e km 871 em Pouso Alegre (MG).

Os caminhoneiros também estão protestando na rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo. Os motoristas enfrentam pontos de lentidão na estrada desde a madrugada. Por volta das 4h, os pontos com trânsito lento eram: km 273 em Barra Mansa (RJ) no sentido São Paulo, km 92 em Pindamonhangaba (SP) no sentido Rio de Janeiro, km 51 em Lorena (SP) no sentido São Paulo.

A rodovia Raposo Tavares, no sentido capital paulista, registra bloqueio de caminhoneiros no km 30, na altura do município de Cotia, na região metropolitana. O km 19, sentido interior, também tem protesto — ao menos 30 caminhões bloqueiam duas faixas.

Caminhão-tanque foi escoltado pela polícia em São Paulo nesta madrugada

Caminhão-tanque foi escoltado pela polícia em São Paulo nesta madrugada

Paulo Lopes/Futura Press/Folhapress – 25.05.2018

Rio Grande do Sul

Prateleiras de diversos supermercados em Porto Alegre, capital do Estado, relatam a falta de produtos como pão, leite e água. Em centros de distribuição de hortifruti, os alimentos tiveram que ser jogados fora uma vez que não haviam sido abastecidos por quatro dias.

Pará

O impacto da paralisação de cinco dias dos caminhoneiros já atinge fortemente o Estado do Pará. Diversas cidades do interior registram falta de alimentos em supemercados, atraso de entrega dos Correios e escassez de medicamentos. O Aeroporto de Carajas, sudoeste do Estado, não possui combustível para abastecer aeronaves.

Minas Gerais

Pelo menos 60% dos postos de combustíveis em Belo Horizonte, capital mineira, não possuem estoque o suficiente nesta sexta-feira (25). Escolas informaram que a presença nas aulas hoje é facultativa, ou seja, não é obrigatória. A BR-040, liga MG-DF, apresenta interdição total por causa da barricada de pneus posta na via pelos manifestantes.

Rio de Janeiro

A linha Amarela ficou interditada durante a noite e madrugada desta sexta-feira no Rio de Janeiro. Os taxistas bloquearam o local como apoio aos caminhoneiros. Há relatos também de falta de mercadoria em supermercados, principalmente frutas legumes e verduras. A CEDAE (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro) pediu para a população que economize água, isso porque há dificuldade de entrega de produtos químicos para o tratamento de resíduos.

Distrito Federal

Pelo menos 60% dos postos de Brasília estão desabastecidos nesta sexta. Nos postos de gasolina que ainda restam estoque, as filas continuam enormes e os preços cada vez mais elevados —  clima entre frentistas e motoristas é tenso.

Goiás

Supermercados de Goiânia começaram a limitar os produtos por clientes. Segundo um comunicado, “cinco unidades de cada item para cada pessoa”. As rodovias do Estado apresentam quase 40 pontos de bloqueio de caminhoneiros. O Aeroporto Internacional de Genoveva não tem querosene para aviação o suficiente e pode começar a cancelar voos por causa da falta de combustível.

Santa Catarina

Poucos postos de gasolina possuem estoque de combustível nesta sexta, em Florianópolis. Os motoristas enfrentam mais de 1km de congestionamento para realizarem o abastecimento de veículos. Em Joinville, um estabelecimento vende o litro de gasolina por R$ 2,39.

Fonte: R7