A fé e grandes amizades são capazes de operar milagres na existência humana. A afirmação faz todo sentido na vida do sacerdote que integra o clero da Diocese de Picos, Padre Gregório Leal Lustosa, de 53 anos, que no dia 24 de janeiro foi submetido às pressas ao procedimento cirúrgico da Angioplastia.
Numa capela, templo de oração, na cidade de Picos, o pároco da Paróquia Nossa Senhora do Patrocínio, Padre Gregório, recebeu com exclusividade a reportagem do Jornal Folha Atual e falou sobre o susto enfrentado na última semana com o diagnóstico clínico de obstrução de artérias do coração e sobre a recuperação da saúde para continuar firme no trabalho de evangelização.
Padre Gregório que possui 23 anos de vida sacerdotal é filho de Santa Cruz do Piauí e já passou pelas Paróquias de Jaicós, Paulistana, Picos (Nossa Senhora dos Remédios), Fronteiras e atualmente atua no município de Pio IX.
A entrevista que transcorreu de forma tranquila, aberta, reservou momentos de emoção sobretudo, quando o religioso relembrou as mensagens, orações e apoio recebidos pelos amigos. Para ele, o momento agora superado é uma segunda chance para se viver.
Folha Atual: O início das dores… quando o padre percebeu que sua saúde não ia bem?
Padre Gregório: Eu já não estava muito bem de saúde, mas não me parecia nada grave. Sempre que realizava algum esforço físico eu sentia cansaço e se insistisse no esforço eu sentia dor no peito. Eu sempre uso um slogan que antes eu comia tudo e hoje eu não deixo nada. Nunca tive reservas de alimentação, sempre comia bem, muito embora nos últimos tempos estivesse tendo uma certa prudência.
Folha Atual: Como foi o diagnóstico da doença?
Padre Gregório: Numa consulta de rotina o médico Raimundo Reis disse que ao me ver percebeu logo nos meus olhos que alguma coisa não estava normal. Já foi logo pedindo o exame da esteira e quando comecei, depois de uns três minutos já estava cansado e a dor forte no meu peito. Quando aumentou a velocidade ele percebeu que já era uma Gina. Já parou e foi pedindo para eu contatar os familiares para que fosse encaminhado a Teresina.
Folha Atual: Descobrir o problema de saúde foi um susto?
Padre Gregório: Foi um susto muito grande, pois eu não imaginava que a situação estivesse tão séria. Embora sendo tranquilo, acabei ficando apreensivo. Mas Deus é maravilhoso e esteve presente porque tudo transcorreu de forma rápida e exitosa.
Folha Atual: E a cirurgia da Angioplastia?
Padre Gregório: Saímos de Picos no final da tarde. Ao chegar em Teresina, por volta das 22h30min, fui logo muito bem atendido e fazendo os procedimentos. No dia seguinte, por volta de 11h da manhã foi iniciado o cateterismo que durou cerca de 20 minutos. Quando o médico terminou o cateterismo ele olhou para mim e disse: foi um sucesso. Eu respondi com um Amém! Não foi preciso abrir o meu peito, porém estava com três artérias coronárias obstruídas, uma 99,99%, a segunda com 80% e a outra com 60%. Duas delas já foram tratadas na hora e a outra estou usando medicação.
Folha Atual: Padre Gregório diz agora estar renovado. Como tem sido essa fase de recuperação?
Padre Gregório: Ando me sentido renovado, como um jovem, leve, foi tirado o pé do freio. Sobre isso já conversei com outras pessoas e me disseram ser por conta da Angioplastia. Agora é só cumprir a dieta, ter cuidado com alimentação e continuar evangelizando o rebanho.
Folha Atual: Nesta fase de turbulência, o senhor chegou a temer a morte?
Padre Gregório: Medo da morte confesso que não tive. Agora me chamou atenção e me vi como se a morte pudesse chegar em algum momento. Carrego esse pensamento de não ter medo da morte, porém eu não quero morrer. Minha vida estava por um fio, eu poderia morrer a qualquer momento. Ao longo dos procedimentos fui ficando apreensivo e comecei interiormente a me preparar que se estivesse chegando a minha hora que Deus me acolhesse na sua benevolência.
Folha Atual: Padre, o senhor recebeu muitas mensagens, apoio e orações. Receber todo esse carinho lhe emociona?
Padre Gregório: Deus tem o seu tempo. Eu vinha levando uma vida de muito ativismo, de intenso trabalho. Esses dias me serviram para rezar mais, refletir e tenho percebido que Deus me deu uma nova oportunidade para perceber as amizades sinceras que construí. Essas demonstrações acontecem com muitas pessoas quando morrem, tempo que elas já não conseguem acompanhar isso de perto. Deus me deu uma segunda chance para perceber o tamanho da minha amizade [chorou], do quanto as pessoas tem um carinho por mim. Recebi ajuda de diversas formas, muitas amizades construídas no meu sacerdócio, antigas e que nesta fase se fizeram presentes [chorou] através das mensagens, telefonemas.
Fonte: Folha Atual