Delegado aponta crime de ódio como motivo do envenenamento de família em Parnaíba

O delegado Abimael Silva, da Delegacia de Homicídios de Parnaíba, informou durante coletiva na manhã de hoje (8), que a motivação dos envenenamentos da família foi feminicídio, crime de ódio. O padrasto Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, foi preso suspeito de envenenar as oito pessoas durante almoço no dia 1º de janeiro.

— Padrasto é preso suspeito de envenenar família em Parnaíba; quatro pessoas morreram

“Os indícios convergiram para a Polícia acreditar que foi seu Francisco que praticou esse crime bárbaro. Há contradições em seu depoimento e ele tinha um sentimento de ódio por Francisca Maria da Silva, mãe das crianças e que também morreu envenenada”, disse o delegado. 

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Segundo Abimael Silva, Francisco de Assis tinha uma relação tumultuada que a enteada (Francisca Maria, mãe das crianças), e com os moradores da casa. Onze pessoas moravam na casa.

“A única motivação do crime foi raivoso, torpe”, disse o delegado informando que o padrasto tinha “nojo” e “raiva” de Francisca Maria e que ele acreditava que ela era uma “criatura de mente vazia”.

“Ele revelou, bem com as filhas de dona Francisca, que eles tinham um relacionamento muito conturbado, pra se dizer o mínimo, ele não falava com nenhum dos enteados e tinha um sentimento de ódio específico a dona Francisca”, disse.

O delegado informou que Francisco de Assis tinha um baú fechado no cadeado com material sobre o nazismo.

Outra prova contra o padrasto foi a confirmação de que ele orientou a requentar o arroz e teve acesso a panela. Na sua versão ele nega. Segundo o delegado, o preso prestou vários depoimentos contraditórios.

De acordo com o delegado, o padrasto tinha desprezos pelos enteados e atribuía a eles como “preguiçosos” e “sem higiene”.

Abimael Silva revelou que o padrasto vai responder por dois feminicídios, dois homicídios qualificados e quatro tentativas de homicídios.

Morreram Francisca Maria da Silva, 32, seus filhos Igno Davi da Silva, 1, e Lauane da Silva, 3, e seu irmão, Manoel Leandro da Silva, 18. Permanece internada na UTI pediátrica do Hospital de Urgência de Teresina (UTI) uma menina de 4 anos, também filha de Francisca, e as outras três pessoas envolvidas são vizinhas da família.

Em agosto do ano passado, a família viveu a mesma tragédia. Dois filhos de Francisca foram mortos envenenados. Uma vizinha foi presa suspeita de praticar a intoxicação. A polícia não está fazendo relação entre os casos.

Quem ingeriu o alimento

  • Manoel Leandro da Silva, de 18 anos (enteado de Francisco de Assis) – morto;
  • Igno Davi da Silva, de 1 ano e 8 meses (filho de Francisca Maria) – morto;
  • Lauane da Silva, de 3 anos (filha de Francisca Maria e irmã de Igno Davi) – morta;
  • Francisca Maria da Silva, de 32 anos (mãe de Lauane e Igno Davi e irmã de Manoel) – morta;
  • Uma menina de quatro anos (filha de Francisca Maria e irmã de Lauane e Igno Davi) – internada em Teresina;
  • Uma adolescente de 17 anos (irmã de Manoel) – recebeu alta;
  • Maria Jocilene da Silva, de 32 anos (vizinha) – recebeu alta;
  • Um menino de 11 anos (filho de Maria Jocilene) – recebeu alta.
Suspeito alegou inocência e carregou corpos de vítimas

Suspeito de envenenar nove pessoas, Francisco de Assis se declarou inocente. Ao ser conduzido a delegacia, o suspeito afirmou que “Deus vai mostrar o culpado”.

“Eu estou contando com a justiça de Deus. Deus vai mostrar o culpado. Comprei (coroa), estou até devendo a coroa para as meninazinhas. A Justiça vai mostrar o culpado, eu sou vítima. A polícia foi lá. Não tenho nada a dizer não. Pergunte a polícia, não me pergunte nada não”, afirmou o suspeito preso.

O velório de Francisca Maria, 32 anos, e da filha Maria Lauane Fontinele, 3 anos, foi realizado na terça-feira (07) em Parnaíba sob forte comoção. Francisco Pereira foi visto carregando os caixões e mostrando estar emocionado.

Fonte: Cidade Verde