
Na tarde desta quinta-feira (30/05), a Polícia Civil deu mais informações sobre a segunda etapa da Operação Cargas, que prendeu dois policiais militares . Um dos presos é o cabo Wanderley Rodrigues da Silva, suspeito de furtar R$ 300 mil do Banco do Nordeste após um assalto no ano de 2017, sendo ainda acusado de atirar contra o músico Saulo Dugado durante confusão em uma panificadora na zona Leste de Teresina. Os crimes aconteceram em dezembro de 2017 e maio de 2018, respectivamente.
Os dois PMs (Cabo W. Silva e Bruno Costa de Oliveira) atuavam principalmente no Maranhão. Segundo o Greco, eles realizavam as abordagens, com arma de fogo, e despistavam fiscalizações da Polícia. Ambos faziam contato com funcionários das transportadoras. Os roubos foram registrados em Santa Inês e Caxias, mas as cargas eram trazidas para Teresina em carros menores.
Em Fortaleza, capital do Ceará, Adolfo Cicero de Alencar Neto ajudava os bandidos a identificar as melhores formas de cometer os assaltos a cargas. Foi apurado que eles buscavam cargas de cigarros e smartphones. Os dois policiais recebiam no mínimo 50% das cargas roubadas. Pelo menos 10 pessoas identificadas atualmente e todas já estão presas, porém mais prisões podem acontecer. “A investigação não se encerra aqui. Ainda vamos dar continuidade”, disse o delegado Gustavo Jung, presidente do inquérito, em entrevista coletiva, na tarde desta quinta-feira (30/05).
Todos os presos de hoje serão indiciadas por organização criminosa, roubo e porte ilegal de arma. De acordo com o Grupo de Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), o cabo W. Silva usava uma arma de fogo com numeração raspada, que foi apreendida. Haveria também documentação firme em relação à agiotagem, mas a polícia não deu detalhes sobre o assunto.
As pessoas presas hoje fazem parte do grupo criminoso preso em janeiro deste ano, oportunidade em que o soldado Rafael dos Santos Leal e Abimael Pereira da Silva, vulgo “Véi”, foram presos por conta de roubo de cargas. Nesta manhã, foram capturados, além do cabo Silva e do soldado Bruno, Josué Oliveira Santos e Adolfo Cícero de Alencar Neto. Uma quinta pessoa também foi conduzida à delegacia e se trata de Francisco Félix de Oliveira Júnior, pai do soldado Bruno, preso por posse ilegal de arma.
“A ação do Bope [Batalhão de Operações Especiais da PM] foi essencial durante a prisão. O policial W. Silva estava bastante alterado e ameaçou atirar na Polícia. Ele disse que, se tivesse com um fuzil na hora, teria atirado”, descreveu o delegado-geral Lucy Keiko. Foi constatado ainda que José, funcionário de transportadora, passava informações privilegiadas para Abimael e este indicava para seus comparsas qual caminhão ou empresa assaltar. Adolfo ajudava na logística dos roubos.
A CONFUSÃO COM SAULO DUGADO
O caso aconteceu em 14 de maio na Panificadora Ideal, localizada na zona Leste de Teresina. Na manhã daquele dia, o cantor Saulo Dugado estava tomando café com a namorada quando começou a questionar a falta de palitos e guardanapo na mesa. Segundo ele, os ânimos se exaltaram com a equipe do estabelecimento, iniciando uma discussão.
Imagens registradas por quem estava no local mostravam que, o artista e o PM começaram uma agressão física. Após vários xingamentos, Wanderley sacou a arma e direcionou os tiros para as pernas de Dugado, que foi alvejado uma vez próximo ao joelho. Ele passou por cirurgia e a bala ficou alojada no corpo do cantor.
O policial teve prisão decretada em 22 de maio por descumprir as condições impostas por um primeiro alvará de soltura, lançado em 17 de abril. Isso porque o PM é investigado como um dos suspeitos de furtar R$ 300 mil de um montante de R$ 700 mil roubados do Banco do Nordeste, em Teresina. O fato ocorreu em dezembro de 2017.
À TV Meio-Norte, o PM afirmou que a confusão já havia começado quando ele chegou ao estabelecimento. Na versão dele, outros clientes tentaram intervir na situação, pois Dugado estaria desrespeitando os funcionários. Wanderley ainda ressaltou que se identificou como policial militar e que iria pedir reforço caso o cantor não se acalmasse. Tal momento é negado por Saulo, que criticou a abordagem do PM.
O cantor Saulo Dugado criticou a reação do policial militar, afirmando que ele deveria teria ter assumido uma outra conduta. “Qual era a conduta certa, que ele devia fazer como policial? Se identificar como policial e, se eu estava um pouco alterado, ele dizia ‘Ou você se acalma, ou você se retira do ambiente, ou vou ser obrigado a lhe dar voz de prisão e vai ser obrigado eu lhe conduzir, chamar a viatura,’ não era isso? Mas não, ele já foi perguntando se eu queria tomar um tiro, e eu estava com o ânimo alterado naquele dia”, disse na entrevista à Tv Cidade Verde.
SUPOSTO ROUBO DE R$ 300 MIL DO BANCO
O cabo também é investigado por um suposto desaparecimento de R$ 300 mil que foi apreendidoapós um roubo ao banco do Nordeste. O dinheiro recuperado foi R$ 700 mil. Mas parte dele sumiu novamente. A Polícia Militar do Piauí confirmou o caso.
O crime aconteceu no Banco do Nordeste da Avenida João XXIII em dezembro de 2017.
Fonte: Oito Meia Por: Édrian Santos / No Local