A coordenadora da comunicação social do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) Diana Paula de Souza foi exonerada do cargo nesta segunda-feira (22), sendo a terceira servidora afastada do cargo desde que Susana Guerra assumiu a presidência. Questionada, Guerra respondeu por meio de nota enviada pela assessoria do instituto.
“Esclarecemos que as mudanças na Coordenação de Comunicação Social ocorrem no momento de revisão do plano de comunicação do projeto do Censo Demográfico 2020, para o qual a Direção do IBGE avalia como pertinente a renovação dos quadros diretivos da unidade”, disse o IBGE. Procurada pela reportagem, Diana disse que foi comunicada nesta segunda (22), mas não quis comentar. A exoneração vai de encontro à utilização de comunicadores distintos ao IBGE por parte da presidente, de acordo com o sindicato da categoria.
Segundo apurou a reportagem, a atual presidente tem consultado assessorias de fora para realizar sua comunicação institucional, mas sem vínculo formal. A informação foi confirmada pelo IBGE. “No momento, o IBGE não possui contratos ou vínculos com empresas terceirizadas de comunicação. Em momento específicos de alta demanda, o instituto já utilizou a estrutura de comunicação do Ministério da Economia, órgão ao qual está vinculado”, apontou a presidente, em nota enviada pelo órgão.
A instituição acrescentou que Diana Souza continuará a fazer parte do quadro efetivo do IBGE, na disseminação dos trabalhos técnicos desenvolvidos pelo instituto. A assessoria consultada por Guerra realizou, por exemplo, a convocação de coletiva para falar sobre os andamentos do Censo 2020, sobre os cortes no questionários defendidos pela presidente.
Em outro vídeo, sobre autismo, outra polêmica no questionário do censo, foi realizado sem a participação da comunicação do IBGE. Em nota, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatística (ASSIBGE) repudiou as atitudes de Susana Guerra.
“A coordenação da comunicação social por alguém de fora dos quadros do IBGE é uma temeridade, gerando o risco de não cumprimento dos protocolos de divulgação, fundamentais para um instituto de estatística a serviço da sociedade”, disse o sindicato.
“Essa exoneração (de Diana) injustificada prova que o modus operandi adotado é retirar quem não se curva aos arroubos desprovidos de fundamentação da atual presidente”, acrescentou o ASSIBGE.
No começo de julho, os questionários do censo foram divulgados com cortes em questões como rendimento, emigração e posse de bens, entre outras. A polêmica ganhou força no início do ano, após a chegada da economista Susana Guerra à presidência do IBGE. O questionário básico, aplicado a 90% dos cerca de 71 milhões de domicílios brasileiros, ficou com 26 questões, oito a menos do que em 2010. Já o questionário completo, aplicado aos 10% restantes, foi reduzido de 112 para 76 perguntas.
Na semana passada, cinco ex-presidentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Eduardo Nunes, Wasmália Bivar, Paulo Rabello de Castro, Roberto Olinto e Eurico Borba protestaram contra as mudanças no censo. Outros cinco servidores do IBGE entregaram seus cargos, em resposta à intervenção no censo.
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Fonte: FolhaPress