O governador do Piauí, Wellington Dias, coordenador do Fórum dos Governadores, destacou que o aumento no preço dos combustíveis, anunciado pela Petrobras nesta quinta-feira (10), não é culpa dos governadores, já que o Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) está congelado. Para o gestor, o problema é a vinculação internacional e a falta de uma política governamental que reaja a essas instabilidades do mercado.
“Vejam, como está congelado, a partir de uma atitude dos governadores o preço de referência, portanto, não tem aumento do ICMS. Isso está demonstrado, mais uma vez, que o problema do aumento dos combustíveis não é o ICMS dos estados e municípios. O problema é essa vinculação internacional, a falta de uma política clara e dar a importância desse preço para o nosso povo”, afirmou Wellington Dias, ao cumprir agenda pelo interior do Piauí, nesta quinta-feira (10).
Como coordenador do Fórum dos Governadores, ele disse que é preciso “atacar” o verdadeiro problema e que os estados e municípios estão com R$ 10 bilhões a menos nas receitas, desde que congelaram o ICMS, mas que é preciso ter uma resposta rápida do Congresso e do Governo Federal.
“É claro que também nós, os governadores e prefeitos, queremos solução para o alto preço dos combustíveis, mas é preciso que a gente faça isso resolvendo um problema sem criar outro. É assim que defendemos o fundo de estabilização do combustível. E ontem, até muito tarde da noite, tivemos dialogando com os senadores e qual foi o pedido? É pra que a gente possa encontrar uma solução, nós queremos contribuir. Mas é preciso trazer a Petrobras e o Governo Federal para a roda, para poder dar a solução ao preço dos combustíveis do Brasil”, destacou o gestor piauiense.
Dias alertou que as discussões devam ocorrer até o dia 20 de março, já que no fim do mês vence o prazo da medida de congelamento do valor de referência para os combustíveis. E destacou que continua em defesa de um Fundo de Equalização do preço dos combustíveis como uma alternativa para equilibrar as constantes altas no valor.
“Agora, mais do que nunca, com a guerra decretada entre Ucrânia e Rússia, precisamos tomar uma decisão, uma vez que ela reflete na alteração do preço dos barris de petróleo. A nossa proposta é colocar um fundo, a partir de receitas da própria cadeia produtiva do petróleo e de receitas extras. O que garantirá sustentação e estabilidade do preço da gasolina e do óleo diesel”, concluiu Dias.
Corrida aos postos antes do aumento
Motoristas fazem fila em posto de Teresina antes de aumento no preço de combustíveis
O g1 registrou uma longa fila de carros em um posto de combustíveis no bairro Vermelha, Zona Sul da capital, nesta quinta-feira (10). Condutores disputavam o abastecimento com a gasolina custando R$ 6,78, já que a média do litro em Teresina ultrapassa R$ 7. A previsão é de chegar a até R$ 8.
Isso porque em meio à disparada dos preços do petróleo, a Petrobras anunciou nesta quinta-feira (10) reajustes nos preços de gasolina e diesel após quase 2 meses de valores congelados nas refinarias. O repasse deve acontecer a partir de sexta (11).
Condutores formam fila em posto com gasolina a R$ 6,78 em Teresina; preço pode chegar a R$ 8 — Foto: Andrê Nascimento/g1
Contudo, na capital piauiense, na maioria dos postos o litro da gasolina comum já estava acima dos R$ 7 nessa quarta (9), em alguns chegando a custar R$ 7,25. Os condutores lamentam mais um aumento e o impacto no bolso.
“Está atrapalhando a vida de todo mundo, e para quem é aposentado fica ainda mais difícil. Mas uma hora vai chegar para que o governo o tome uma providência para acabar com essa falta de respeito com a gente. Soube agora há pouco da notícia, brinquei com um amigo que teria que ir na casa dele a pé agora. Mas pensei que o aumento seria amanhã. Por isso vim logo aproveitar”, disse Francisco Loyola, radialista aposentado.
Condutores formam fila em posto com gasolina a R$ 6,78 em Teresina; preço pode chegar a R$ 8 — Foto: Antônio Fernandes/Arquivo pessoal
Aumento de R$ 1 na bomba
O presidente do Sindicato dos Postos de Combustíveis (Sindpostos), Alexandre Valença, informou à TV Clube que em alguns postos o aumento já aconteceu porque os combustíveis não são repassados apenas pela Petrobras às distribuidoras, muitas das quais já compraram com o valor aumentado.
Posto de gasolina em Teresina — Foto: Caroline Oliveira/g1
Segundo ele, a gasolina que custava em média R$ R$ 7 pode passar a custar R$ 8. Isso porque a média de aumento deve ser de cerca de R$ 1.
“Alguma coisa perto de R$ 1, tanto no Diesel quanto na Gasolina. Fui pego de surpresa, não fiz conta. Mas a pancada foi forte. Acredito que [dentro das próximas horas] deve aumentar, o aumento foi muito maior que a margem de custo. O aumento na refinaria da Petrobras impacta, porque é responsável por cerca de 60% do fornecimento no país. O que tá vindo de fora, vem cerca de R$ 2 mais caro. Mesmo com aumento da Petrobras, ainda é mais barato do que o que vem de fora”, informou.
Posto de gasolina em Teresina — Foto: Andrê Nascimento/g1
O g1 procurou o Procon, órgão de defesa dos direitos do consumidor ligado ao Ministério Público, que informou que não há novas fiscalizações previstas.
No momento, o órgão informou que aguarda a defesa dos postos autuados por irregularidades em uma fiscalização realizada em 25 de fevereiro.
Posto de gasolina em Teresina — Foto: Andrê Nascimento/g1
Aumento nacional
“Após 57 dias sem reajustes, a partir de 11/03/2022, a PetrobrasW fará ajustes nos seus preços de venda de gasolina e diesel para as distribuidoras”, informou a estatal, em comunicado.
A partir desta sexta-feira (11), o preço médio de venda da gasolina para as distribuidoras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, um aumento de 18,8%.
Para o diesel, o preço médio passará de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro, uma alta de 24,9%.
Composição de preço da gasolina — Foto: Arte g1
Fonte: G1 Piauí