O senador piauiense e Presidente do Progressistas, Ciro Nogueira, concedeu uma entrevista à Folha de S. Paulo onde repercutiu o resultado do partido nas eleições municipais de 2020 e ainda comentou sobre a possível ida de Jair Bolsonaro (Sem partido) ao PP em 2022.
Vale ressaltar que o Progressistas obteve um resultado expressivo nas eleições deste ano nos municípios. Para Ciro, um dos líderes do ‘Centrão’, o pleito deste ano retratou ‘ a volta da boa política’ e que o eleitorado escolheu candidatos com experiência em gestões anteriores. A sigla elegeu 682 prefeitos contra 498 na passada.
Sobre Bolsonaro, o senador declarou à Folha que errou ao declarar apoios no primeiro turno porque, no fim, acabou com a pecha de derrotado. “Eu acho que aí foi um erro de estratégia do presidente. Ele tinha no início a ideia de não entrar na eleição no primeiro turno. Acho que ele errou ao entrar na eleição do primeiro turno. Ele deveria ter mantido a decisão dele”, disse.
Durante a entrevista, Ciro disse que apesar de a maior parte dos candidatos apoiados pelo Presidente terem tido resultado ruim, ele não vê a eleição municipal como uma prévia de 2022. Ele afirmou ainda que apoiará Bolsonaro na próxima disputa presidencial e que seria um “sonho” tê-lo filiado ao partido. “Olha, eu tenho certeza da reeleição do presidente. O PP está fechado [com ele] em 2022. O PP tem um histórico de fidelidade aos projetos políticos dos quais faz parte. Como é que a gente vai explicar que vai participar do governo Bolsonaro e na véspera vai trocar de candidato? E o presidente para perder a eleição vai ter de mudar o maior dos paradigmas quanto a isso. Nunca um presidente perdeu a reeleição. Teria de ser uma tragédia muito grande. Mas as pessoas votaram nele sem conhecer a gestão Bolsonaro. Agora as pessoas vão conhecer. Então, é fundamental que ele traga estabilidade à gestão dele, que tenha resultados na gestão. E eu acho que esses partidos de centro dão essa estabilidade”, reiterou.
Ciro Nogueira e Jair Bolsonaro em visita à Serra da Capivara (Reprodução)
Veja outros trechos da entrevista:
Já que ele entrou e pediu votos, significa uma derrota para ele?
“De jeito nenhum. Porque o Celso [Russomanno] não perdeu [em São Paulo] por causa do presidente. O Celso tem um histórico de derrotas durante a campanha, sempre começa bem [e depois cai]… O [Marcello] Crivella não vai perder por causa do presidente, ele vai perder porque ele é um desastre administrativo”.
Voltando às eleições municipais, o sr acha que a falta de ser filiado a um partido foi uma das coisas que prejudicaram o presidente?
“O presidente apoiou muito poucos candidatos e, nos casos mais visíveis, não foi culpa dele a derrota. Então, eu não vejo isso não. Acredito que essa questão partidária o presidente não vai resolver a curto prazo. Se eu tivesse no lugar dele, eu não resolveria. Acho que só no segundo semestre [de 2021]”.
PP o convidou a fazer parte do partido?
“Sempre. Sempre. É um desejo enorme. Se nós estamos no projeto político é um sonho ter o presidente no partido.”
Ele deu indicativo de que pode voltar ao PP?
“Ele diz que tem muita saudade do partido”.
A aliança do presidente com o centrão foi muito criticada porque apoiadores e o próprio Bolsonaro chamavam de perfil fisiológicos dos partidos. Como justificar a aliança do presidente com vocês se ele antes os criticava por fisiologismo?
“A mídia por vezes quer colocar, insistir nisso, mas não é verdade. Começamos a votar com o governo muito antes dessa questão de governo. Veja os índices, não é só o Progressistas. Todos os partidos da base. Já vínhamos votando com o governo e não aumentou a fidelidade por causa disso. O que houve foi o reconhecimento do presidente, que escolheu técnicos, e de uma forma muito diferente do passado. O presidente desde o início disse: “jamais vou entregar ministérios, porteira fechada”. E eu disse: “o sr. está correto, o seu eleitorado não vai admitir esse tipo de situação e eu quero fazer parte de um projeto que vai dar certo”. Então, ele escolheu os técnicos, diversos partidos indicaram nomes que não foram aceitos porque não tinha o perfil. É uma relação completamente diferente”.
Fonte: Meio Norte