O avanço acelerado da inteligência artificial (IA) já não é mais uma tendência futura, mas uma realidade que vem modificando de forma significativa a rotina de profissionais em diferentes áreas. Ferramentas capazes de automatizar tarefas, interpretar dados em grande escala e até mesmo criar textos, imagens e músicas têm despertado debates sobre oportunidades e riscos no mundo do trabalho.
De acordo com a especialista em Tecnologia da Informação e coordenadora de Ciência da Computação da Estácio, Patrícia Nogueira, a IA representa um salto tecnológico comparável à internet. “Estamos vivendo uma transição em que atividades repetitivas ou burocráticas podem ser totalmente automatizadas. Isso exige que os profissionais desenvolvam competências ligadas à análise crítica, criatividade e tomada de decisão, que dificilmente serão substituídas por algoritmos”, avalia.
Não há dúvida de que a IA ajuda a reduzir o tempo gasto com pesquisas e organização de processos, mas é importante lembrar que ela não substitui a interpretação humana. “O desafio é aprender a usar essas ferramentas de forma responsável, administrando as informações recebidas como o nosso olhar, algo que envolve sensibilidade, ética e contextualização dos fatos”, reforça Patrícia.
Na área administrativa, o cenário é de reinvenção da gestão. Para o administrador Fábio Carvalho, empresas que incorporam inteligência artificial nos processos de decisão ganham vantagem competitiva, mas também precisam lidar com novos dilemas. “Gestores estão aprendendo a interpretar relatórios produzidos por sistemas inteligentes, mas precisam ter consciência de que os dados não falam sozinhos. O papel do administrador será cada vez mais traduzir informações em estratégias viáveis, levando em conta fatores humanos e sociais”, destaca.
Fábio, que também é coordenador do curso de Administração da Estácio, acrescenta ainda que a presença da inteligência artificial no cotidiano também influencia a forma como os jovens escolhem sua carreira profissional. “Os estudantes já percebem que determinadas funções tendem a ser substituídas por sistemas automatizados e, por isso, buscam formações que unam tecnologia, inovação e visão estratégica. Essa mudança de mentalidade mostra que a escolha da profissão hoje já leva em conta as transformações que a IA está provocando no mercado”, explica.
A adaptação dos trabalhadores a essa nova realidade passa pela qualificação profissional. A busca por cursos que unam tecnologia, análise de dados e visão crítica cresce à medida que surgem novas profissões ligadas ao universo digital. “Não se trata apenas de substituir empregos, mas de transformá-los. O mercado pede um perfil multidisciplinar, capaz de dialogar com máquinas sem perder de vista o fator humano”, resume Patrícia Nogueira.
Com mudanças rápidas e constantes, especialistas apontam que a inteligência artificial deve provocar uma reorganização completa no mercado de trabalho nos próximos anos, exigindo de profissionais e empresas disposição para aprender continuamente e se reinventar diante das novas demandas.