Adolescente é identificado após ameaçar colocar bombas em escola no Piauí; garoto disse ter sofrido bullying

A Polícia Civil do Piauí, por meio da delegacia de Parnaíba, a 340 km de Teresina, identificou nesta semana o adolescente autor de ameaças à escola Ginásio Clóvis Salgado, no centro da cidade. Por meio de rede social, o adolescente disse que havia três bombas em três salas de aula e que a qualquer minuto poderia explodir a instituição.

As mensagens que circulavam nas redes sociais partiam de uma conta chamada “ataque.clovis.salgado.phb” e diziam:

“Em 3 salas a 1 bomba em cada sala, qualquer é só eu aperta 1 botão bummmm acabo GCS (sic)”.

De acordo com o delegado do município, João Rodrigo Luna, a escola procurou a polícia assim que tomou conhecimento das ameaças.

“Descobrimos que se tratava de um menor de 14 anos, que não tem histórico nenhum de violência e verificamos que através dos celulares, do computador dele, que não tinham nenhuma potencialidade lesiva aquelas ameaças que ele cometeu contra a escola, contra os alunos”, explicou o delegado.

Em seu depoimento à polícia, o adolescente diz ter sofrido bullying e que por isso iniciou essa série de ameaças nas redes sociais, mas que tudo não passou de uma “brincadeira”.

A direção da escola negou ter conhecimento de que o aluno tenha sofrido qualquer tipo de constrangimento. A administração informou ainda que os alunos são orientados, em situações assim, que é preciso buscar a direção para as devidas providências.

Polícia identifica adolescente como autor de ameças a escola do PI; menor de idade alega sofrer bullying em sala de aula — Foto: Reprodução

“Se houve bullying na escola, nós não compactuamos. Esse aluno em específico não nos comunicou situação de constrangimento ou bullying, não sabíamos até então. Também conversamos com os professores, mas eles disseram que não identificaram nenhuma situação assim”, afirmou Conceição Santos, diretora da escola.

Pais de alunos da instituição tradicional de Parnaíba relataram que, a princípio, ficaram assustados porque não sabiam até que ponto as ameaças eram verdadeiras.

Para a polícia, embora o ato infracional cometido pelo adolescente tenha causado pânico nos pais e alunos, a segurança da escola não está ameaçada.

“A comunidade escolar pode voltar à escola, que nesse momento aquele adolescente não pode fazer nada que possa causar dano às pessoas do local”, disse o delegado Rodrigo Luna.

Diante da repercussão do caso, os pais do jovem, que alega sofrer bullying e que por isso cometeu as ameaças, resolveram transferir o adolescente para outra escola.

Polícia identifica adolescente como autor de ameças a escola do PI; menor de idade alega sofrer bullying em sala de aula — Foto: Reprodução

Outro pai de aluno, o empresário Fernando Luís, disse que ficou assustado, mas que as providências tranquilizaram os pais.

“A princípio eu fiquei bem assustado, porque a gente não sabia a veracidade das ameaças. Hoje eu me sinto seguro sim, em trazer a minha filha para a escola. Até porque eu vi todas as atitudes da direção da escola que foram tomadas a partir dessa situação e também da polícia”, afirmou.

Bullying nas escolas

Quatro em cada dez estudantes afirmaram já ter sofrido bullying no Piauí, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em setembro de 2021. Foram entrevistados adolescentes de 13 a 17 anos, de escolas públicas e privadas.

Entre os motivos apontados pelos jovens pelo qual sofreram as agressões verbais estão:

• 17% – aparência do corpo
• 10,5% – aparência do rosto
• 4,5% – cor ou raça
• 2,3% – religião
• 2,2% – orientação sexual
• 1,2% – região de origem
• já 61,2% dos estudantes indicaram outras razões não especificadas no questionário.

40% dos estudantes piauienses dizem ter sofrido bullying nos últimos 30 dias — Foto: Jesús Rodríguez / Unsplas

Por outro lado, 9,9% dos estudantes piauienses assumiram terem praticado algum tipo de violência verbal contra colegas.

De acordo com o IBGE, a proporção de agressores é maior entre os homens (12,7%) do que entre as mulheres (7,4%).

O número também foi maior entre estudantes de escolas privadas (14,2%) do que entre os de instituições públicas (9,2%).

Fonte: G1