
O envelhecimento da população brasileira já se reflete também no trânsito. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a parcela de pessoas com mais de 60 anos passou de 11% para 14% em apenas dez anos. Esse aumento tem impacto direto no número de motoristas mais velhos habilitados no país.
De acordo com a Secretaria Nacional de Trânsito, atualmente cerca de 14,5 milhões de brasileiros com mais de 60 anos possuem Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ativa. No Piauí, o Detran registra mais de 224 mil condutores com idade acima de 50 anos e desse número, sendo mais de 49 mil acima de 70 anos.
A principal diferença para motoristas acima dos 50 anos está no prazo de renovação da CNH. Para condutores com menos de 50 anos, a validade é de 10 anos. Entre 50 e 70 anos, o período cai para 5 anos e, a partir dos 70, a renovação precisa ser feita a cada 3 anos.
Durante o processo de renovação, os exames médicos avaliam condições essenciais para a direção, como visão, audição, capacidade motora e equilíbrio. Em idades mais avançadas, após os 75 anos, pode ser necessário que as reavaliações médicas ocorram com maior frequência, em alguns casos anualmente.
A diretora-geral do Departamento Estadual de Trânsito do Piauí (Detran-PI), Luana Barradas, destaca que dirigir na terceira idade é totalmente possível, desde que os motoristas adotem cuidados específicos. “Recomendamos que os motoristas idosos adotem alguns cuidados simples que fazem toda a diferença na segurança. Sempre que possível, é melhor dirigir durante o dia, evitando períodos de baixa visibilidade, como à noite ou em dias de chuva intensa. Também é importante reduzir a velocidade, manter uma distância maior do veículo à frente e evitar viagens longas sem pausas. Outro ponto essencial é não usar o celular ao volante e evitar qualquer tipo de distração. Além disso, pedimos atenção redobrada em cruzamentos, na travessia de pedestres e nas mudanças de faixa”, orienta.
As principais infrações de trânsito cometidas por motoristas idosos, segundo o Detran, estão geralmente relacionadas a aspectos cognitivos. Com o envelhecimento, a interpretação de movimentos torna-se mais lenta, o que afeta diretamente o tempo de reação. Problemas de visão, como a dificuldade em lidar com o ofuscamento causado pelos faróis de veículos em sentido contrário e a diminuição da audição também podem interferir na condução e aumentar o risco de falhas no trânsito.
Além das orientações de segurança, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) destinou vagas exclusivas para idosos em estacionamentos, como forma de garantir mais conforto e respeito no trânsito.
Para a diretora-geral do Detran-PI, essas medidas reforçam a autonomia da população idosa. “Dirigir após os 60 anos é possível e seguro, desde que haja atenção à saúde e respeito aos próprios limites. O objetivo é assegurar que esses condutores mantenham sua qualidade de vida, com responsabilidade no trânsito”, finaliza.