Produção de carvão de matas nativas cai 73% no Piauí e silvicultura cresce, afirma IBGE

A produção de carvão vegetal proveniente de matas nativas caiu 73% no Piauí nos últimos 10 anos, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (25) pela Pesquisa da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) do IBGE. Em 2015, o estado produzia 154,8 mil toneladas de carvão, mas em 2024 o volume foi reduzido para 41,7 mil toneladas.

Entenda: A silvicultura é a prática de cultivar florestas de forma planejada e sustentável, geralmente com espécies como eucalipto. Diferente do extrativismo, que retira recursos diretamente da natureza, a silvicultura envolve o plantio e manejo de árvores específicas para a produção de madeira, carvão e outros derivados, reduzindo a pressão sobre as matas nativas e contribuindo para a preservação ambiental.

O recuo está diretamente ligado à substituição do carvão pelo gás de cozinha (GLP) no uso doméstico, além do reforço na fiscalização ambiental, que passou a restringir o corte de matas nativas.

Segundo Pedro Andrade, chefe da Seção de Pesquisas Agropecuárias do IBGE no Piauí, a queda tem reflexo também em uma mudança positiva na matriz produtiva.

“O carvão vegetal apresentou redução acentuada principalmente pelo maior uso do gás de cozinha nas famílias e pela fiscalização ambiental. Hoje, a produção nacional de carvão vegetal já é feita majoritariamente com madeira de projetos de silvicultura, como também ocorre no Piauí”, destacou.

Crescimento da silvicultura no Piauí

Enquanto o extrativismo encolheu, a silvicultura vem ganhando espaço no estado. Em 2024, foram produzidas 26,8 mil toneladas de carvão vegetal provenientes de eucaliptos plantados, com valor de produção de R$ 44,2 milhões.

Essa mudança representa uma transição mais sustentável, já que reduz a pressão sobre as florestas nativas e fortalece um modelo de produção controlado e ambientalmente menos agressivo.

Produção por municípios

No Piauí, os municípios que mais produziram carvão de matas nativas em 2024 foram:

  • Corrente – 7,7 mil toneladas (18,4% do total estadual)
  • Nazaré do Piauí – 5,5 mil toneladas
  • Porto Alegre do Piauí – 5,2 mil toneladas
  • Parnaguá – 5,1 mil toneladas
  • Cristino Castro – 2,7 mil toneladas

Apesar da queda, Corrente segue entre os 10 maiores produtores de carvão extrativo do Brasil, ocupando a 10ª posição nacional.

Contexto nacional

Em todo o país, a produção de carvão vegetal proveniente do extrativismo chegou a 502,5 mil toneladas em 2024. O Maranhão lidera, com 176,1 mil toneladas (35% do total), seguido do Pará, com 134,4 mil toneladas (26,7%). O Piauí aparece em 5º lugar, com 41,7 mil toneladas (8,3%).

Impactos econômicos

A redução da produção de carvão nativo impactou também no valor de mercado. Em 2015, o produto movimentava R$ 86,9 milhões no estado. Em 2024, o montante caiu para R$ 48,9 milhões, queda de 43,7% em 10 anos.

Fonte: Cidade Verde