Como reverter o medo no ambiente escolar após ataques e ameaças pelo Brasil, especialistas apontam caminho

Após a onda de ataques e ameaças a escolas pelo Brasil, muito tem se falado sobre quais as novas medidas de segurança que as instituições de ensino vêm adotando para fortalecer a proteção e bem-estar dos alunos, professores e demais funcionários. O medo, no entanto, não deve fazer parte da vida escolar e uma questão que se coloca é: como fazer com que ele deixe de existir com frequência no ambiente das escolas?

Em razão disso, o OitoMeia conversou com profissionais da psicopedagogia e da pedagogia para saber como esse assunto vendo sendo trabalhado nas escolas e quais medidas podem ser tomadas com o intuito de reverter esse temor, além de evitar que novos casos de violência possam acontecer em instituições de ensino.

A professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e psicopegadoga, Janaína Ribeiro, explicou ao OitoMeia que, dentre as atividades desenvolvidas no dia a dia, estão as instruções sobre bullying e respeito as diferenças, por exemplo. Ela pontuou ainda que novas medidas de segurança estão sendo tomadas em várias escolas  e que os novos mecanismos de denúncias já são de conhecimento do corpo docente.

“Na psicopedagogia a gente trabalha especialmente a aprendizagem. Dentro das possibilidades, eu sendo professora, a gente está trabalhando a questão do bullying, do respeito as diferenças, e principalmente em relação a inclusão. Como muitas são crianças pequenas também a questão dos adolescentes entra muito a parte da família. E aí a família é importante nesse momento para orientar os adolescentes, porque às vezes falta conversa em casa e a escola termina sendo um refúgio desses adolescentes”, disse.

Segundo Ribeiro, pais e responsáveis devem evitar repassar as crianças e adolescentes certas notícias sobre os atuais fatos violentos, para evitar maiores transtornos psicológicos e/ou alardes.

“Algumas famílias dizem que estão evitando que as crianças vejam esse tipo de notícias para não apavorar e são as orientações que a gente faz também para a família, que não apavorem as crianças […]. A gente tem feito vários comunicados tranquilizando os familiares e dizendo que está tudo bem, mas também a gente está um pouco inseguro. Todo mundo está vulnerável”, relatou.

(Foto: Reprodução/Google)

Questionada como está sendo a rotina após as notícias de ataques e ameaças, a especialistas disse que há uma frequência maior de pais e responsáveis na busca por informações, e até mesmo com pedidos de providências imediatas por parte da direção das instituições de ensino.

“Quando acontece os ataques fica aquele momento de histeria. Os pais querem providências imediatas e a gente começa a fazer orientações pessoais e pelo WhatsApp. Com os adolescentes é feito através de dinâmicas. Temos feito muitas conversas e a gente vê que tem pais que não conhecem os filhos e a gente termina estreitando mais as relações nesse momento. Está muito forte essa prática de estreitar as relações, trabalhar a gratidão e valores para ver se a gente tranquiliza nesse momento”, ressaltou.

USO DAS TECNOLOGIAS

Ao OitoMeia, a psicopedagoga clínica, Ana Kleya, fez duras críticas sobre a forma com estão sendo utilizadas as ferramentas de tecnologia, em especial as redes sociais digitais e os jogos eletrônicos. Para ela, é necessário uma maior observação dos pais nesse quesito.

“As crianças e a adolescência eles devem ser supervisionados com relação ao uso das tecnologias. Por que muitas vezes você pode até pensar assim: ‘Ah, mas é só um pouco e estou aqui de olho observando’. Porém às vezes é um vídeo tão rápido, ou um jogo ali que parece tão bobo, mas traz alguma mensagem talvez distorcida que para idade daquele criança e/ou adolescente não é recomendado”, explicou.

Conforme a especialistas, hoje em dia é visto com mais frequência pais e/ou responsáveis se “afastando” de seus compromissos obrigatórios do cuidar paternal e maternal, por exemplo. Ana Kleya ressaltou que é necessário mais diálogo e presença na vida dos jovens.

Educação (Foto: Divulgação)

“Percebemos muito hoje, e eu falo com propriedade como mãe de duas crianças sendo uma de dez e outro de oito meses, a gente precisa questionar: o que você está assistindo? De estar supervisionando, observando e dialogando. Não podemos deixar eles a mercê da tecnologia. O que eu tenho visto muito é que os pais tem se ausentado bastante da paternidade e maternidade. Eles não tem tempo para o diálogo ou brincadeiras ou até mesmo para um simples passeio”, argumentou.

Ela finalizou orientando que, caso as famílias sintam-se inseguras, de não compartilhar nas redes sociais as informações sobre ataques a escolas e/ou ameaças e que, em qualquer momento, a escola deve ser procurada para conversação.

“Ninguém responde da mesma forma a esse tipo de fatos que acontecem. Tem gente que fica ansiosa e desenvolve até algum transtorno de ansiedade. A melhor coisa a se fazer é você buscar a direção da escola e dialogar”, concluiu.

Fonte: Oito Meia