Seca histórica no Piauí leva prefeitos a pedir ajuda urgente em reunião na APPM

Seca histórica no Piauí: Prefeitos relatam crise e pedem ajuda urgente duranre reunião na APPM

Em meio a uma das piores estiagens dos últimos anos, prefeitos do Piauí se reuniram nesta terça-feira (08) para discutir a grave crise hídrica que assola o estado. A Associação Piauiense de Municípios (APPM) promoveu um encontro com gestores de mais de 110 cidades, além de representantes estaduais e federais, para articular medidas emergenciais diante da escassez de água, perdas agrícolas e temperaturas recordes.

Na última quinta-feira (03), o Governo do Piauí decretou situação de emergência em 129 municípios, reconhecendo os impactos da seca e autorizando ações para mitigar os danos à população.

Com a presença de prefeitos de mais de 110 cidades, além de representantes do governo estadual e federal, o encontro teve como objetivo articular ações imediatas para amenizar os efeitos da seca, que já compromete o abastecimento de água, destrói lavouras e eleva as temperaturas em diversas regiões.

Entre os presentes, esteve o presidente da APPM, Admaelton Bezerra, representante do MDS, Raimundo Soares, os secretários estaduais, Washington Bonfim (Planejamento), José Neri (Defesa Civil), Regina Sousa (Assistência Social), Fábio Abreu (Assistência Técnica e Defesa Agropecuária) e Rejane Tavares (Agricultura Familiar).

Durante a reunião, o presidente da APPM e prefeito de São José do Piauí, Admaelton Bezerra, destacou a necessidade de união entre os gestores para enfrentar a situação. “Reunimos prefeitos e todas as entidades que podem ajudar os municípios do Piauí diante dessa crise hídrica. Convocamos a Defesa Civil Nacional, o MDS, a Defesa Civil Estadual, o Governo do Estado, a SAF, a SASC, para que a gente, em conjunto com a APPM e os municípios, possa buscar ações concretas que cheguem o mais rápido possível nos municípios. Estamos reivindicando de imediato os carros-pipas. Infelizmente não tem como atender da forma satisfatória que a população necessita, merece, mas é um começo. De imediato precisamos de carros-pipa, cestas básicas, pois têm muitos municípios que a perda da lavoura foi mais de 90%, e algum auxílio emergencial para aquelas famílias mais carentes.” Afirmou.

Admaelton acrescentou ainda, que um comitê de crise será formado para os municípios serem atendidos com mais agilidade. “Estamos implementando uma ação estratégica imediata para agilizar os processos. Embora os municípios precisem cumprir com as habilitações junto aos órgãos federais, estamos criando um Comitê de Crise Emergencial em parceria com a APPM e o Governo do Estado, com a participação direta de todas as secretarias envolvidas. Este comitê terá como missão principal auxiliar técnica e operacionalmente os municípios na realização desses cadastros obrigatórios, eliminando burocracias e acelerando os trâmites. Desta forma, garantiremos que os recursos e ações de socorro cheguem às comunidades afetadas no menor tempo possível, com eficiência e coordenação total entre todas as esferas de governo.” Pontuou.

O secretário de Defesa Civil do Estado, José Neri, conhecido como Nerinho, reforçou a gravidade do cenário. “É essencial que haja um trabalho conjunto entre os diferentes níveis de governo. Estamos realizando um levantamento da situação com a Defesa Civil e, infelizmente, essa pode ser uma das piores secas dos últimos anos. Precisamos encontrar soluções rápidas para que a população não sofra com a escassez de água”, disse.

Para o secretário de Planejamento, Washington Bonfim, a reunião serviu para o estado ouvir as demandas dos municípios em situação de emergência, de modo que sejam tomadas as medidas administrativas necessárias, incluindo a disponibilização de recursos em prol da população. “Estamos diante de uma situação atípica e alarmante. A crise se instalou de forma precoce neste primeiro semestre, quando normalmente enfrentaríamos esses problemas apenas no segundo semestre. A antecipação da estiagem agravou consideravelmente os impactos em nossos municípios. Por isso, toda a estrutura governamental – incluindo os mecanismos do Seguro Safra, os apoios federais e as ações estaduais – precisa estar em prontidão máxima. Neste momento, nossa prioridade é ouvir atentamente os prefeitos, compreender as particularidades de cada região e implementar medidas emergenciais com a máxima urgência.” Relatou.

Fábio Abreu, secretário da Secretaria da Assistência Técnica e Defesa Agropecuária (SADA), ressalta o impacto da seca sobre os criadores e a importância da atuação do órgão. “A SADA tem um papel importantíssimo nesse processo porque nós tratamos de forma muito direta com a questão da assistência técnica e principalmente buscando proporcionar àqueles que criam animais, condições para manutenção desses animais, que é o grave problema que passam os produtores, os criadores, é exatamente a falta da alimentação, então nós vamos apresentar algumas alternativas de propostas para que nós não possamos ver animais, principalmente no Sul do estado, morrendo de fome”, disse.

A secretária da Secretaria de Estado da Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos (SASC), Regina Sousa, destacou os programas sociais que podem auxiliar os municípios atingidos pela seca. “A gente tem na SASC alguns programas que são direto com os municípios, já são normalmente o Criança Feliz, e outros programas do Ministério do Desenvolvimento Social. Particularmente, a gente tem o PDH, que é o Pilar do Desenvolvimento Humano, que é um projeto que a gente desenvolveu com o Banco Mundial desde 2023. Nele tem transferência de renda e um auxílio de alimentação para as famílias afetadas pela seca”, comenta.

Diversos prefeitos presentes compartilharam relatos dramáticos sobre a situação em suas cidades. O presidente da Associação dos Municípios do Vale do Itaim (AMVI) e prefeito de Marcolândia, Dr. Corinto Mattos, ressaltou a importância da união entre os gestores.

“Marcolândia já enfrenta um grande problema com a falta de água, pois dependemos 100% do carro-pipa. Este ano, a situação se agravou ainda mais com a escassez de chuvas, o que prejudicou diretamente os pequenos produtores e as lavouras. Estamos contando com o seguro safra, com o apoio do carro-pipa e, principalmente, buscando parcerias e recursos para melhorar a situação não apenas de Marcolândia, mas de todas as cidades da nossa região”, afirmou o prefeito.

O prefeito de Fartura do Piauí, Orlando Costa, foi um dos gestores que participaram da reunião. Ele aproveitou o momento para passar um vídeo mostrando a crise hídrica no município, fazendo um alerta às autoridades sobre a seca e a perda agrícola. Orlando Costa, emocionado, disse que não tem água potável para os 2.500 habitantes da cidade e pediu ajuda às autoridades.

Francisco Marciano Macedo, prefeito de Aroeiras do Itaim, manifestou preocupação com os impactos da seca em seu município. “Estamos vivendo uma situação muito preocupante. Quero parabenizar nosso presidente [Admaelton da APPM] por este importante evento, onde podemos discutir melhorias para nossos municípios. “Nosso município está sofrendo bastante com a seca, com mais de cinquenta por cento da produção perdida. Este evento é fundamental para adquirirmos conhecimento e formas de melhorar nossa capacidade de resposta, levando soluções para nossa população”. Disse.

Osvaldo Mamédio da Costa (Osvaldo da Abelha Branca), prefeito de Paulistana, destacou a situação crítica enfrentada por seu município e comparou a atual estiagem à crise de 2012. “Em 2012 nós tivemos um ano difícil assim como foi naquela época está acontecendo esse ano. Nossas principais dificuldades pela estiagem são a falta de água e pastagem para o rebanho. Os agricultores pecuaristas têm seus rebanhos, querem diminuir, mas não têm mercado. Ou seja, a lei da oferta e demanda: a oferta está maior e a demanda não, e o preço cai. Enquanto isso, o preço da ração sobe e atinge diretamente a principal atividade econômica que é a agropecuária. “Na agricultura temos cerca de 90% de perda. E estamos iniciando [o período seco] com muita dificuldade na questão do abastecimento de água, principalmente na zona rural. E ainda temos um longo período [de seca] até o ano seguinte.” Enfatizou.

José Adelmo, prefeito de Curimatá, fez um alerta sobre os desafios enfrentados pelo município, que sofre com a chamada “seca verde”, quando o solo está seco, mas a vegetação ainda está verde, dificultando a recuperação das plantações. “Tivemos uma grande perda devido à falta de chuvas, mas conseguimos o seguro safra para amenizar um pouco os prejuízos. No entanto, este ano a situação promete ser ainda pior. A seca será uma das piores da história, e vamos precisar de muitos carros-pipa para garantir o abastecimento de água para a população. O nosso maior desafio atualmente é o abastecimento de água. As nossas comunidades já dependem do carro-pipa para a sobrevivência. Além disso, a agricultura foi severamente prejudicada, e precisamos de todo o apoio possível para garantir que as pessoas não fiquem sem água nem alimento.” Afirmou o prefeito.

José Edson de Carvalho, prefeito de Francisco Santos, comentou sobre a situação crítica enfrentada por seu município e ressaltou a importância do trabalho conjunto entre os municípios e o apoio dos governos estadual e federal para enfrentar a crise hídrica que afeta toda a região. “Estamos participando desta reunião porque juntos, nós prefeitos podemos encontrar soluções para todos os municípios que estão passando por esta situação tão preocupante e crítica. No período que deveria ser chuvoso, entre dezembro e abril, incentivamos a aração de terras para preparar o solo, na esperança de termos uma safra compensatória. Mas infelizmente o clima nos surpreendeu, praticamente não chuvas e o pouco que foi plantado não se desenvolveu. Temos mantido assistência no abastecimento hídrico. Uma das nossas principais metas neste período de estiagem é manter os poços artesianos funcionando plenamente para atender o homem do campo. Quando há problemas nos poços, imediatamente acionamos os carros-pipa para garantir água nas comunidades”. Afirmou.

Vanderlei Carvalho, prefeito de Jacobina do Piauí, falou das dificuldades enfrentadas por Jacobina do Piauí, especialmente no que se refere à perda total da safra e ao abastecimento de água nas comunidades. “Hoje, em nosso município, já perdemos 100% da safra. O nosso maior problema tem sido o abastecimento de água nas comunidades, que hoje depende do carro-pipa. Dentro do nosso município, já investimos em poços, mas ainda não é o suficiente”, disse o prefeito.

Márcio Willian Maia Alencar, prefeito de Alegrete do Piauí, destacou a situação crítica enfrentada por seu município e a necessidade urgente de apoio estadual e federal. “[Alegrete] Assim como outras cidades da região, Alegrete do Piauí enfrenta uma seca jamais vista por nossa população. Estamos tentando suprir as necessidades dos agricultores e moradores com carros-pipa municipais, a Defesa Civil iniciou ações e parou. Precisamos implementar medidas imediatas, pois não tivemos safra este ano — nem de feijão, nem de milho. Estamos fazendo o possível com nossos limitados recursos, mas precisamos do auxílio do governo do Estado e federal para ampliar as ações imediatas em nosso município”. Relatou.

Dr. Wilton Coutinho, prefeito de Massapê do Piauí, destacou a grave situação vivida pelos habitantes de Massapê do Piauí, onde a seca tem causado severos prejuízos para os agricultores locais, que perderam praticamente toda a produção agrícola, como milho, feijão, melancia, além de sérios problemas com o abastecimento de água. “O problema da seca tem causado um grande prejuízo para os nossos agricultores, que perderam toda a produção. Já enfrentamos um problema de abastecimento de água e, com a estiagem, a situação se agravou. Precisamos de soluções urgentes. Estamos trabalhando para garantir o abastecimento de água através de carros-pipa, em parceria com a Defesa Civil, e também buscando alternativas com o apoio do Exército para montar uma operação emergencial”, explicou.

Magno Dantas, prefeito de Simões, valorizou a parceria entre municípios e as diversas instituições presentes, e que reunião foi uma oportunidade crucial para fortalecer o enfrentamento da crise hídrica e buscar alternativas para minimizar os impactos da estiagem em Simões e em outros municípios do Piauí. “Este é um evento muito importante promovido pela APPM, onde tivemos a chance de discutir com essas instituições e buscar parcerias com os governos para enfrentar a seca nos nossos municípios. Sabemos que as prefeituras têm ações limitadas, como o abastecimento de água com carros-pipa, mas com a gravidade da seca, estamos aqui em busca de mais parcerias com outras instituições como a Defesa Civil e a SADA. Precisamos unir forças para atender a população da melhor forma possível”, afirmou Magno Dantas.

Jônathas Noronha, prefeito de Belém do Piauí, relatou os desafios enfrentados por Belém do Piauí devido à seca prolongada, onde o município tem vivido momentos difíceis, com a agricultura local severamente impactada e os reservatórios de água em níveis críticos. “A seca tem afetado profundamente nossos agricultores. Muitas famílias perderam suas lavouras, e a escassez de água tem agravado ainda mais a situação. Estamos buscando alternativas, como a distribuição de água por meio de carros-pipa, e já iniciamos negociações para viabilizar outras ações emergenciais. A situação é muito preocupante, mas estamos unidos com outros prefeitos e autoridades para encontrar soluções que minimizem os danos e garantam qualidade de vida à nossa população”. Disse o prefeito.

Williane Kely, prefeita de Padre Marcos, falou da situação delicada enfrentada por seu município, que, assim como muitas outras cidades do Piauí, está sofrendo com a falta de chuvas. “Nosso município está enfrentando uma situação muito difícil com a escassez de chuvas. Como gestores municipais, estamos aqui buscando parcerias com outras instituições para encontrar soluções que ajudem a resolver esse problema. Os nossos agricultores perderam toda a produção e, nos próximos dias, também podemos enfrentar dificuldades com o abastecimento de água. Nossa maior preocupação é com a população. Já estamos utilizando carros-pipa para garantir o abastecimento e realizando perfurações de poços, mas sabemos que a situação é grave e precisa de mais ações”, afirmou Williane.

Novim Carvalho, prefeito de Francisco Macedo, destacou a relevância do tema, que tem sido uma preocupação constante para o município, onde a seca tem causado danos significativos à produção agrícola, e a união de esforços entre os governos e as instituições é essencial para mitigar os efeitos da crise. “Estamos aqui junto com instituições do governo buscando soluções para o nosso município e procurando apoiar nossos agricultores. Este ano, por exemplo, estamos novamente com o pagamento do seguro-safra, pois muitos de nossos agricultores perderam 90% de sua produção. A estiagem agravará ainda mais a situação, e estamos contando com o abastecimento de água por carros-pipa para ajudar a população”, enfatizou o prefeito.

Filipe Gonçalves, prefeito de Caldeirão Grande, fez um alerta sobre a gravidade da situação enfrentada pela população de sua cidade. “O ano de 2025 tem sido muito difícil, principalmente para os agricultores da nossa região. A falta de chuvas e a perda das plantações têm gerado um grande impacto. Estamos aqui, junto à Defesa Civil e ao Governo do Estado, em busca de soluções que possam amenizar os prejuízos e apoiar nossos agricultores que estão sendo severamente afetados”, disse.