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MST diz que manterá preço justo por arroz de assentamento

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Em meio à alta do preço do arroz para o consumidor, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) anunciou que manterá a produção feita pelos seus agricultores a um “preço justo”.

Na última safra, o grupo colheu 15 mil toneladas de arroz orgânico (sem agrotóxicos) produzidas por 364 famílias em 14 assentamentos de 11 cidades gaúchas. O MST é o maior produtor deste tipo de grão da América Latina, comercializado sob o nome “Terra Livre”.

Atualmente, o pacote de arroz branco do MST custa R$ 5,50 quando adquirido diretamente com as cooperativas, como a Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap). Na Loja da Reforma Agrária, no Mercado Público da capital gaúcha, o preço para o consumidor é de R$ 6,00.

“Preço justo, na nossa compreensão, é quando toda a cadeia é sustentável. É quando a remuneração é justa para quem produz, beneficia, transporta e revende, chegando no consumidor final com um valor aceitável”, explica Emerson Giacomelli, da direção do Grupo Gestor do Arroz Orgânico e da Cootap.

Com estoques no país reduzidos, o MST tem recebido ofertas para vender a saca por até R$ 120.

“Recusamos estas propostas porque vamos honrar os contratos para fornecimento de merenda escolar para as prefeituras e garantir a entrega para as feiras, mercados e lojas”, explica Giacomelli.

O produtor explica que apesar do preço alto, a maioria dos agricultores vendeu o arroz para a indústria após a colheita do início do ano, com base no preço mínimo. Isso significa que os pequenos e médios agricultores não estão “surfando” na alta do produto porque já entregaram sua produção.

O preço pode variar em outros estados, conforme a tributação e margem de lucro dos mercados ou lojas especializadas. Em Porto Alegre, o quilo do arroz convencional (que não é orgânico) é encontrado em mercados por até R$ 8,40. Em São Paulo, o valor chega a R$ 23,00.

Orgânicos costumam ser valorizados por quem busca uma alimentação saudável e produzida com manejo ecológico. Por isso, podem custar mais caro em lojas especializadas que atendem este nicho de mercado.

Na leitura do movimento, a disparada no preço não está relacionada somente ao aumento das exportações e demanda do mercado interno. Para Giacomelli, a alta também tem relação com a redução dos estoques do governo.

Atualmente, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) possui 21.592 toneladas de arroz estocadas, mesmo estoque de 2019. É o menor volume para o mês de setembro em dez anos.
Entre 2019 e 2018, a redução foi de 49,8%, considerando o mês de setembro. Porém, comparando o mesmo mês entre 2010 e 2020, a queda foi de 97%, de 990.398 toneladas para 21.592 toneladas.

Todo estoque público do país é guardado no Rio Grande do Sul, em cinco municípios: Uruguaiana, Pelotas, São Borja, Capivari do Sul e Agudo.

“Os parâmetros da atual política econômica não preveem a regulação do abastecimento por meio de estoques públicos. Há atualmente mecanismos mais eficientes e menos onerosos à sociedade, como a alteração da TEC feita recentemente”, justifica a Conab. A Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul facilita a importação de arroz.

Além da redução dos estoques, a Conab também extinguiu 27 unidades armazenadoras. Em 2019, eram 92. Agora, restam 65. Procurado pela reportagem, o órgão federal respondeu que os “armazéns desativados apresentavam baixíssima utilização para as ações públicas” e que “existiam necessidades orçamentárias para a manutenção desses imóveis”.

O preço mínimo do arroz na safra de 2019/20 foi de R$ 39,63 pelo saco de 50 kg no Rio Grande do Sul e Santa Catarina e R$ 47,55 pelo saco de 60 kg nos demais estados. Os valores valem até fevereiro de 2021.

Para 2021, o preço mínimo foi estabelecido em R$ 40,18 pelo saco de 50 kg no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, e R$ 50,55 pelo saco de 60 kg nos demais estados.

Fonte:  PAULA SPERB – PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS)

Humberto Júnior
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