
No dia 29 de abril de 2025, uma decisão do Conselho Tutelar de Carapicuíba, São Paulo, surpreendeu seguidores do jovem Miguel Oliveira, de 15 anos, conhecido como “pastor mirim”. O adolescente foi proibido de realizar pregações em igrejas, usar suas redes sociais, onde acumula mais de 1 milhão de seguidores, e deverá retornar às aulas presenciais, abandonando o ensino online.
Mas o que levou a essa medida drástica? Este artigo explora os detalhes do caso, as polêmicas envolvidas e o que isso significa para o futuro de Miguel.
Quem é o “pastor mirim” Miguel Oliveira
Natural de Carapicuíba, Miguel Oliveira ganhou notoriedade nas redes sociais por suas pregações intensas na Assembleia de Deus Avivamento Profético, liderada pelo pastor Marcinho Silva. Aos 15 anos, ele se autoproclama “profeta” e relata experiências sobrenaturais, como ter nascido sem cordas vocais e tímpanos, sendo curado milagrosamente aos três anos. Essas histórias, somadas a vídeos virais de cultos, o transformaram em uma figura controversa, com admiradores e críticos fervorosos.
Miguel viajava pelo Brasil para pregar, cobrando valores que, segundo relatos, variavam entre R$ 3 mil e R$ 30 mil por evento. Seus cultos, marcados por declarações de curas milagrosas, como a suposta cura de leucemia, atraíram tanto apoio quanto críticas. Mas foram essas ações que o colocaram no centro de uma tempestade digital.
O estopim: polêmicas e ameaças
Um dos momentos mais controversos ocorreu quando Miguel, em um culto, rasgou papéis que, segundo ele, representavam doenças de uma fiel, gritando: “Eu rasgo o câncer, eu filtro o seu sangue e eu curo a leucemia”.
O vídeo viralizou, mas gerou indignação. Críticos, incluindo internautas e especialistas religiosos, acusaram o jovem de manipulação emocional e de incentivar a interrupção de tratamentos médicos, o que poderia ser perigoso. Um usuário nas redes sociais escreveu: “Isso é crime. Tem gente que acredita, larga o tratamento e morre”.
As críticas escalaram para ameaças graves contra Miguel e sua família. Preocupados, seus pais, Érica e Marcelo, procuraram o Ministério Público de São Paulo (MPSP) e registraram denúncias na Polícia Civil. A Promotoria da Infância e da Juventude passou a monitorar o caso, com base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que prioriza a proteção de menores em situações de risco.
A decisão do conselho tutelar
Após uma reunião com os pais de Miguel e o pastor Marcinho Silva, o Conselho Tutelar determinou medidas rigorosas:
- Suspensão das pregações: Miguel está proibido de pregar em igrejas ou realizar eventos religiosos, por tempo indeterminado, cancelando toda a sua agenda.
- Afastamento das redes sociais: ele não pode acessar seu Instagram, onde tem cerca de 1,3 milhão de seguidores, nem postar vídeos de pregações ou “revelações”.
- Retorno à escola: Miguel, que estudava online, deve voltar às aulas presenciais, reforçando a prioridade de sua educação.
Segundo o Portal Assembleianos de Valor, a decisão visa proteger a integridade emocional e física do adolescente, que enfrentava uma onda de “cancelamento” e ameaças online. O pastor Marcinho Silva afirmou que sempre incentivou Miguel a priorizar os estudos e que não apoiava suas viagens sozinho pelo país.
Por que essa decisão importa
A intervenção do Conselho Tutelar levanta questões importantes: até que ponto a exposição pública de um menor de idade, especialmente em um contexto religioso, é segura? A fama repentina de Miguel, impulsionada pelas redes sociais, trouxe visibilidade, mas também pressão e riscos. Especialistas apontam que adolescentes em papéis de liderança religiosa podem enfrentar desafios emocionais, como a dificuldade de lidar com críticas ou a expectativa de “proezas” espirituais.
Além disso, o caso reacende o debate sobre a responsabilidade de líderes religiosos e pais na orientação de jovens talentos. O ECA, que embasa a decisão, enfatiza que a proteção da infância deve prevalecer sobre interesses comerciais ou midiáticos.
Impacto na comunidade evangélica
Entre evangélicos, as opiniões estão divididas. Alguns defendem Miguel, vendo-o como um “chamado divino”, enquanto outros criticam a falta de embasamento bíblico em suas pregações, que seriam mais performáticas do que teológicas.
Um levantamento do instituto AtlasIntel, citado pelo Portal de Prefeitura, indica que mais de 80% dos protestantes desaprovam práticas controversas em cultos, o que pode refletir o desconforto com casos como o de Miguel.
O futuro de Miguel Oliveira
Por enquanto, Miguel está fora dos holofotes. A suspensão de suas atividades pode ser uma oportunidade para ele se dedicar aos estudos e ao amadurecimento pessoal, longe da pressão pública. No entanto, o jovem inicialmente resistiu à decisão, expressando o desejo de continuar pregando. Sua família, que optou por não dar entrevistas, pediu privacidade, alegando que as ameaças se tornaram “absurdas”.
O caso segue sob acompanhamento do MPSP, e não há prazo para que Miguel retome suas atividades.
Fonte: AF Noticias